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Investigação
rendeu ameaças
e afastamentos
DA REPORTAGEM LOCAL
"Esse processo é um tumulto", declarou, em março de
1993, o relator do inquérito criminal no STJ (Superior Tribunal de Justiça), o ex-ministro
Paulo Costa Leite.
"Esse processo fede", comentou, na mesma época, um delegado da Polícia Federal a uma
das testemunhas ouvidas no
processo disciplinar contra o
delegado Antonio Decaro Júnior, afastado do caso sob suspeita de prevaricação.
Em 11 anos e cinco meses, o
caso das importações de Israel
foi marcado por incidentes que
dificultaram as investigações.
O então secretário de Ciência e
Tecnologia, Severo Gomes, demitiu-se do cargo em julho de
1991, ao descobrir o superfaturamento e perceber que o governo Fleury não pretendia investigá-lo a fundo.
"Estou saindo porque constatei uma fraude e acho que minha missão se encerra num governo quando não posso impedir esse tipo de coisa", disse.
Antes, Severo Gomes aceitara
o pedido de exoneração de seu
chefe de gabinete, Ruy Lopes,
que permitira à Folha o acesso
aos autos.
O chefe da consultoria jurídica da Pasta, Carlos Alberto
Americano, quem primeiro
suspeitou das irregularidades,
deixou a Procuradoria do Estado, aposentou-se e hoje exerce
a advocacia privada.
Durante as investigações,
houve desentendimentos graves entre os procuradores da
República e o juiz federal João
Carlos da Rocha Mattos, titular
da 4ª Vara Criminal, que sofreu
correição e chegou a ser afastado (reassumiria, depois).
O procurador Mario Bonsaglia recebeu ameaças de morte
e teve telefonemas grampeados. A procuradora Cleide Cais
também sofreu ameaças. O coronel da PM Fernando Ernesto
Balestrero Flório foi afastado
por se recusar a assinar contrato com a Trace. Meses depois,
foi transferido para uma unidade a 500 km da Capital.
Os equipamentos adquiridos
para a polícia não sofreram perícia. Sob a acusação de "obstruir a apuração", o empresário
Arie Halpern ficou preso, durante duas semanas, por determinação do juiz Casem Mazloum. Foi liberado pelo juiz
Célio Benevides.
(FV)
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