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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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Situação externa é de "incerteza radical"

DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

A situação internacional foi descrita ontem como de "incerteza radical" pelos economistas que tomaram café da manhã com Meirelles e Otaviano Canuto.
Certeza mesmo só a de que haverá guerra contra o Iraque, como deixou claro Alan Blinder. Mas se ela será curta ou longa e quais serão os efeitos na economia global são questões em aberto.
Uma guerra rápida que produza depois a recuperação da produção petrolífera iraquiana fará baixar os preços do petróleo e, portanto, terá até efeitos benéficos (se fosse possível descontar o custo humano). Em contrapartida, o temor é o de que o ataque ao Iraque desate uma sequência de atos terroristas, com efeitos perversos para a economia, como ficou claro na esteira do 11 de setembro.
É por isso que Ana Botín, presidente do Banco Espanhol de Crédito, disse: "O problema não é o Brasil, é o mundo".
Por idêntico caminho seguiu Martin Wolf, principal colunista do jornal britânico "Financial Times". Para ele, o Brasil não sofrerá consequências do quadro internacional pelo lado dos juros, "que tendem a cair", mas pelo lado da balança comercial. Uma recessão nos EUA, como consequência da guerra ou das incertezas a ela associadas, reduziria o apetite importador do maior mercado do mundo e maior comprador de produtos brasileiros.
Guillermo de la Dehesa, em nome da Goldman Sachs, diz que já há um efeito da perspectiva de guerra sobre o mercado brasileiro: "A incerteza (nos mercados internacionais) faz com que o risco-país baixe mais lentamente".
O tema Venezuela foi levantado pelo economista Ricardo Hausmann, professor da Escola de Governo John F. Kennedy (Harvard). Hausmann, venezuelano e feroz crítico do presidente Hugo Chávez, acha que os mercados se assustaram com a associação entre os governos Lula e Chávez. Mas a comparação foi rechaçada energicamente por De la Dehesa, que lembrou que Chávez surgiu politicamente graças a uma tentativa de golpe, ao passo que Lula tem "25 anos" de história política democrática. (CR)


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