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Situação externa é de
"incerteza radical"
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
A situação internacional foi
descrita ontem como de "incerteza radical" pelos economistas que
tomaram café da manhã com
Meirelles e Otaviano Canuto.
Certeza mesmo só a de que haverá guerra contra o Iraque, como
deixou claro Alan Blinder. Mas se
ela será curta ou longa e quais serão os efeitos na economia global
são questões em aberto.
Uma guerra rápida que produza
depois a recuperação da produção petrolífera iraquiana fará baixar os preços do petróleo e, portanto, terá até efeitos benéficos (se
fosse possível descontar o custo
humano). Em contrapartida, o temor é o de que o ataque ao Iraque
desate uma sequência de atos terroristas, com efeitos perversos para a economia, como ficou claro
na esteira do 11 de setembro.
É por isso que Ana Botín, presidente do Banco Espanhol de Crédito, disse: "O problema não é o
Brasil, é o mundo".
Por idêntico caminho seguiu
Martin Wolf, principal colunista
do jornal britânico "Financial Times". Para ele, o Brasil não sofrerá consequências do quadro internacional pelo lado dos juros,
"que tendem a cair", mas pelo lado da balança comercial. Uma recessão nos EUA, como consequência da guerra ou das incertezas a ela associadas, reduziria o
apetite importador do maior
mercado do mundo e maior comprador de produtos brasileiros.
Guillermo de la Dehesa, em nome da Goldman Sachs, diz que já
há um efeito da perspectiva de
guerra sobre o mercado brasileiro: "A incerteza (nos mercados
internacionais) faz com que o risco-país baixe mais lentamente".
O tema Venezuela foi levantado
pelo economista Ricardo Hausmann, professor da Escola de Governo John F. Kennedy (Harvard). Hausmann, venezuelano e
feroz crítico do presidente Hugo
Chávez, acha que os mercados se
assustaram com a associação entre os governos Lula e Chávez.
Mas a comparação foi rechaçada
energicamente por De la Dehesa,
que lembrou que Chávez surgiu
politicamente graças a uma tentativa de golpe, ao passo que Lula
tem "25 anos" de história política
democrática.
(CR)
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