São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Em Varsóvia, presidente defende candidatura única do governo, um dia após Serra atacar o governo Sarney

"Por que não manter a aliança?", sugere FHC

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "é uma questão em aberto" se José Serra (PSDB) será o único candidato presidencial em condições de continuar o atual projeto de governo.
"Pode ser que haja mais de um candidato que queira sair no mesmo caminho", declarou.
O presidente respondia a uma pergunta sobre se a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), ou outros candidatos poderiam representar um projeto de continuação do governo tucano.
Depois de falar que pode haver vários candidatos que adotem esse discurso, o presidente perguntou: "Por que não coincidir? Por que não manter a aliança?".
FHC está em Varsóvia, capital da Polônia, em visita oficial como chefe de Estado. Antes, na semana passada, esteve em Estocolmo, na Suécia. Termina seu giro europeu depois de amanhã, em Bratislava, na Eslováquia.
O presidente tem evitado fazer comentários polêmicos sobre a política nacional em sua viagem. Apesar de sua predileção por Serra, ele acredita que ainda é muito cedo para descartar a reedição da aliança governista, que hoje inclui os três maiores partidos do país -PMDB, PFL e PSDB.
Mesmo em conversas reservadas entre os integrantes da sua comitiva, o presidente se abstém de fazer comentários definitivos sobre o desfecho da campanha para a eleição presidencial.
Seu comportamento contrasta com o de líderes do PSDB e do PFL, que falam ser inevitável que Serra e Roseana mantenham suas candidaturas e impeçam a reedição da aliança.
Ao saber dos resultados da pesquisa Datafolha, publicada anteontem, o presidente apenas comemorou o aumento da sua taxa de popularidade, com 31% dos entrevistados classificando seu governo como ótimo/bom. É o melhor resultado de seu segundo mandato, iniciado em 1º de janeiro de 1999.
Um dos integrantes da comitiva presidencial lembrou a FHC que estava difícil repassar a popularidade do governo a José Serra -que está na casa dos 10% nas pesquisas. Outra pessoa que participava da conversa disse que o presidente ainda não havia começado a fazer campanha, com o que o próprio FHC concordou.
Mas FHC evitará o máximo possível tomar alguma posição mais explícita a favor de Serra além do que já vem fazendo. Sua estratégia é falar que apoiará o candidato do seu partido.

Crítica
De forma involuntária, entretanto, o presidente acabou fazendo uma crítica indireta a Roseana Sarney. Comentava o estado da economia brasileira.
Ao falar para empresários poloneses e brasileiros durante um seminário na hora do almoço, disse que o Plano Cruzado, de 1986, "fracassou" por não ter conseguido manter os ganhos de redução de pobreza e de inflação obtidos num período inicial.
O Plano Cruzado foi executado durante o mandato de José Sarney (1985-1990) na Presidência da República. Anteontem, Sarney, pai da governadora, já havia sido criticado indiretamente por José Serra, que mencionou a taxa de inflação no final do período sarneyzista -cerca de 80% ao mês.



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