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ELEIÇÕES-2002
Em Varsóvia, presidente defende candidatura única do governo, um dia após Serra atacar o governo Sarney
"Por que não manter a aliança?", sugere FHC
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "é
uma questão em aberto" se José
Serra (PSDB) será o único candidato presidencial em condições
de continuar o atual projeto de
governo.
"Pode ser que haja mais de um
candidato que queira sair no mesmo caminho", declarou.
O presidente respondia a uma
pergunta sobre se a governadora
do Maranhão, Roseana Sarney
(PFL), ou outros candidatos poderiam representar um projeto de
continuação do governo tucano.
Depois de falar que pode haver
vários candidatos que adotem esse discurso, o presidente perguntou: "Por que não coincidir? Por
que não manter a aliança?".
FHC está em Varsóvia, capital
da Polônia, em visita oficial como
chefe de Estado. Antes, na semana
passada, esteve em Estocolmo, na
Suécia. Termina seu giro europeu
depois de amanhã, em Bratislava,
na Eslováquia.
O presidente tem evitado fazer
comentários polêmicos sobre a
política nacional em sua viagem.
Apesar de sua predileção por Serra, ele acredita que ainda é muito
cedo para descartar a reedição da
aliança governista, que hoje inclui
os três maiores partidos do país
-PMDB, PFL e PSDB.
Mesmo em conversas reservadas entre os integrantes da sua comitiva, o presidente se abstém de
fazer comentários definitivos sobre o desfecho da campanha para
a eleição presidencial.
Seu comportamento contrasta
com o de líderes do PSDB e do
PFL, que falam ser inevitável que
Serra e Roseana mantenham suas
candidaturas e impeçam a reedição da aliança.
Ao saber dos resultados da pesquisa Datafolha, publicada anteontem, o presidente apenas comemorou o aumento da sua taxa
de popularidade, com 31% dos
entrevistados classificando seu
governo como ótimo/bom. É o
melhor resultado de seu segundo
mandato, iniciado em 1º de janeiro de 1999.
Um dos integrantes da comitiva
presidencial lembrou a FHC que
estava difícil repassar a popularidade do governo a José Serra
-que está na casa dos 10% nas
pesquisas. Outra pessoa que participava da conversa disse que o
presidente ainda não havia começado a fazer campanha, com o
que o próprio FHC concordou.
Mas FHC evitará o máximo
possível tomar alguma posição
mais explícita a favor de Serra
além do que já vem fazendo. Sua
estratégia é falar que apoiará o
candidato do seu partido.
Crítica
De forma involuntária, entretanto, o presidente acabou fazendo uma crítica indireta a Roseana
Sarney. Comentava o estado da
economia brasileira.
Ao falar para empresários poloneses e brasileiros durante um seminário na hora do almoço, disse
que o Plano Cruzado, de 1986,
"fracassou" por não ter conseguido manter os ganhos de redução
de pobreza e de inflação obtidos
num período inicial.
O Plano Cruzado foi executado
durante o mandato de José Sarney
(1985-1990) na Presidência da República. Anteontem, Sarney, pai
da governadora, já havia sido criticado indiretamente por José
Serra, que mencionou a taxa de
inflação no final do período sarneyzista -cerca de 80% ao mês.
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