São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SOMBRA NO PLANALTO

Em nota, representantes do setor de seis Estados relembram meta de campanha do PT de criar 10 milhões de postos de trabalho

Proibidos, bingos cobram coerência de Lula

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes de associações de bingos de seis Estados reuniram-se ontem em São Paulo com diretores da Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) e cobraram coerência do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que no sábado publicou uma medida provisória proibindo os bingos no país.
"Acredita [a Abrabin] na coerência do PT na sua luta em defesa dos trabalhadores e dos empregos. Os bingos querem continuar colaborando para o cumprimento da meta estabelecida na campanha do PT para a Presidência da República: a geração de 10 milhões de empregos", diz uma nota divulgada após o encontro.
Segundo a associação, o fechamento dos bingos ameaça 320 mil empregos diretos e indiretos e um mercado que gera uma receita de R$ 240 milhões por ano.
A medida que proíbe os bingos foi publicada cinco dias após Lula ter afirmado, em sua mensagem para a abertura dos trabalhos deste ano do Congresso, que sua intenção era legalizar o jogo.
A mudança de planos foi uma reação à crise gerada pela divulgação de um vídeo de 2002 em que o ex-subchefe da Casa Civil do Planalto Waldomiro Diniz aparece pedindo dinheiro para campanhas e propina ao empresário do jogo Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
O encontro de ontem foi feito a convite da Abrabin e ocorreu num hotel cinco estrelas localizado na rua João Cachoeira, no Itaim (zona sul de São Paulo).
Na nota, a Abrabin afirma ainda que não reprova os estabelecimentos que estão recorrendo à Justiça para funcionar, mas diz que, por ora, o melhor caminho é pressionar o Congresso para votar -com rapidez- a regulamentação dos bingos. "Uma legislação que só venha no final de 2004 chegará muito tarde: é financeiramente inviável para trabalhadores e empresários."

CUT x Força
O caso divide as duas maiores centrais sindicais do Brasil. Enquanto a Força Sindical pede que o governo reabra os bingos, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), aliada histórica do PT, apóia a medida provisória.
Temendo demissões, sindicatos de trabalhadores de bingos pediram a empresários que os funcionários tenham estabilidade no emprego pelos próximos 60 dias.
A proposta foi encampada pela Força Sindical, que pediu um encontro com o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) e marcou protestos para hoje nas portas de bingos de São Paulo e Santos.
A Abrabin respondeu à proposta afirmando que "os empresários têm fôlego" para manter os funcionários por mais 30 dias.
Para a CUT, a decisão de fechar os bingos foi "extrema, mas correta". "Bingo é uma contravenção autorizada por liminares", diz Antonio Carlos Spis, secretário de Comunicação da central: "Foi criada uma discussão. Se for constatado que os bingos trazem benefícios, que sejam legalizados. Se não, que sejam fechados".


Colaborou VIRGILIO ABRANCHES, da Reportagem Local


Texto Anterior: Ministros articularam ação para abafar CPI
Próximo Texto: Relatório cita Arcanjo como dono de bingos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.