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Governo cassa 1ª liminar obtida por bingo em SC
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu cassar, no
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 4ª Região, uma das seis liminares obtidas por casas de bingo de
Santa Catarina na primeira instância da Justiça Federal depois
da edição da medida provisória
que proibiu a atividade no país.
No início da noite de ontem, o
desembargador federal Valdemar
Capeletti suspendeu a liminar que
liberava o funcionamento de um
bingo mantido pelas empresas
Sociedade Esportiva São José e
Monte Carlos Entretenimentos.
Na primeira instância, a liminar
fora concedida porque o juiz da
causa entendeu que a MP não poderia lançar os bingos na ilegalidade "da noite para o dia". Ele
lembrou que, até a edição da MP,
o estabelecimento funcionava regularmente, com base em uma lei
estadual que autoriza a atividade.
No TRF, Valdemar Capeletti
examinou um dos dois recursos
movidos anteontem pela AGU
(Advocacia Geral da União), que
representa o governo judicialmente. Pelo seu entendimento, os
bingos funcionam de forma irregular desde janeiro de 2003, quando terminou o prazo previsto na
Lei Pelé para exploração dos jogos. Ele disse que a atividade só
pode ser regulada por lei federal.
A AGU aguarda agora a cassação no TRF de outra liminar, obtida pela operadora de bingos Pereira Administração de Bens e
Participações, também de Santa
Catarina. Relator desse recurso, o
desembargador federal Luiz Carlos de Castro Lugon deverá tomar
a decisão hoje.
Até agora, a Justiça Federal em
Santa Catarina já concedeu seis liminares, beneficiando várias casas de bingo. A AGU prepara recurso contra as outras quatro.
Ontem, a V.V.S. Promoções e
Eventos Ltda. entrou com mandado de segurança no TRF da 3ª
Região com pedido de liminar para que seu bingo, em Carapicuíba
(SP), funcione. Foi a primeira
ação de um bingo da Grande São
Paulo. A decisão deve sair hoje.
Urgência
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, disse ontem
que considera constitucional a
MP que proibiu o funcionamento
de bingos e máquinas de caça-níqueis no país. Para ele, a edição da
MP, pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, cumpriu os requisitos de urgência e relevância, previstos na Constituição.
Fonteles afirmou que o STF (Supremo Tribunal Federal) colocará
"um ponto final" na polêmica jurídica sobre a exploração dos bingos quando julgar a primeira das
11 ações que contestam decretos e
leis estaduais que liberam a exploração dos jogos. Esse julgamento
deverá ocorrer na próxima semana, e a tendência dos ministros é
declarar que os Estados não podem legislar na área. As ações foram movidas por Fonteles.
Para ele, o governo nem precisará cassar, uma a uma, as decisões favoráveis aos bingos e anteriores à edição da MP, na última
sexta-feira.
Opinião diferente da de Fonteles tem o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
Luiz Flávio Borges D'Urso, para
quem, apesar do esforço do governo, nem medida provisória
nem lei federal irá varrer os bingos e os caça-níqueis. Para ele, o
governo federal terá de recorrer
uma a uma das liminares obtidas
em Justiça de primeira instância
por donos de casas de jogos.
"Nada impedirá que um juiz,
em algum ponto do país, mantenha a liminar. Portanto, caberá ao
Executivo ingressar em cada um
dos feitos judiciais na tentativa de
cassar as liminares. Não existe
medida possível do Executivo
que, no atacado, possa revogar ordem judicial ", disse D'Urso.
Colaborou a Reportagem Local
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