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DIPLOMACIA
Evento, que ocorrerá em Brasília, será o 1º da região e começa em 31 de agosto
Brasil terá cúpula sul-americana
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
O presidente Fernando Henrique Cardoso convidou pessoalmente seus pares dos outros 11
países sul-americanos para a primeira reunião de cúpula da região. Será nos dias 31 de agosto e
1º de setembro em Brasília.
Quatro blocos temáticos comporão a agenda do encontro: reforço da democracia, comércio,
integração física e combate ao crime organizado.
"A realização da reunião, no
ano das comemorações do quinto
centenário do Descobrimento,
marca, de forma emblemática, a
alta prioridade que o Brasil atribui a seu relacionamento com os
países sul-americanos", diz a nota
oficial com a qual o Itamaraty
anunciou a realização da cúpula.
Na realidade, trata-se de um
passo político para dar conteúdo
prático ao que o presidente gosta
de referir-se como "espaço sul-americano". Ou, como diz o
chanceler Luiz Felipe Lampreia,
trata-se de criar em cima da realidade física que é a América do Sul
"um invólucro político capaz de
otimizar um pouco a vizinhança".
O Itamaraty nega que se trate de
somar forças, na América do Sul,
para negociar em melhores condições com os Estados Unidos no
âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas, prevista para abranger todos os 34 países
americanos, exceto Cuba).
Mas a própria nota oficial diz
que a cúpula de presidentes "oferece a oportunidade ideal para
que a experiência já adquirida
com os esquemas de integração
possa ser estendida para o nível
regional, gerando as condições
necessárias para a organização do
espaço sul-americano de acordo
com as características, necessidades e potencialidades que singularizam nossa região".
Traduzindo: a América do Sul já
tem um bloco regional, embora
em crise (o Mercosul). Esse bloco
já negocia, ainda que penosamente, um acordo de integração com
os cinco países da Comunidade
Andina (Bolívia, Colômbia,
Equador, Peru e Venezuela).
Dessas negociações, poderia
nascer a Alcsa (Área de Livre Comércio Sul-Americano), projeto
que o Itamaraty acalenta desde o
governo Itamar Franco.
De todo modo, a diplomacia
brasileira faz questão de ressaltar
que comércio é apenas um dos
quatro temas da cúpula.
O reforço da democracia tornou-se questão urgente a partir
dos episódios do Paraguai e do
Equador, no ano passado e neste
ano. Embora tivesse sido evitada a
ruptura democrática, em ambos
os casos houve nítidos arranhões
no processo, com a renúncia forçada de Raúl Cubas (Paraguai) e
Jamil Mahuad (Equador).
Mas a diplomacia brasileira está
igualmente preocupada com a zona norte da América do Sul (leia-se Colômbia e Venezuela), área
em que a turbulência política
também é forte.
A idéia de incluir o combate ao
crime organizado no temário parte do princípio de que cada país
isoladamente é incapaz de fazer
frente às organizações criminosas
que se internacionalizaram.
FHC primeiro telefonou e depois mandou cartas a cada um
dos presidentes dos outros 11 países sul-americanos (Argentina,
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Equador e Venezuela). Fica
de fora apenas a Guiana Francesa,
por seu status de colônia.
De todos, recebeu resposta positiva, o que permitiu anunciar
formalmente a data e local do encontro. Os 12 presidentes assinarão a "Declaração de Brasília",
documento que refletirá os consensos obtidos bem como recomendações e linhas de ação a serem eventualmente sugeridas pelos participantes.
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