São Paulo, domingo, 26 de março de 2000


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OUTRO LADO
Em resposta a 15 perguntas, prefeito afastado afirma apenas que "tudo ficará provado no final"
"Imputações são inverídicas", diz Pitta

da Reportagem Local

de Paris


O prefeito afastado Celso Pitta declarou, por meio do secretário Antenor Braido (Comunicação Social), que "todas as imputações são inverídicas" e que isso "ficará provado no final das investigações". Essa foi a resposta a uma carta com 15 perguntas sobre sua vida financeira, encaminhada pela Folha à sua assessoria na semana passada.
O prefeito afastado afirmou que os questionamentos feitos pela reportagem envolvem as acusações feitas por seu filho, Victor Pitta, ao Ministério Público estadual.
Ele disse ter sido orientado por seus advogados, Antonio Claudio Mariz de Oliveira e Mario Sérgio Duarte Garcia, a respondê-las "perante as autoridades competentes, quando for intimado".
Na última quinta, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo autorizou a abertura de inquérito policial contra o prefeito afastado para apurar eventuais crimes que teriam sido cometidos por ele, segundo depoimentos de Victor e da ex-primeira-dama Nicéa Pitta.
As declarações de Pitta foram ditadas, por telefone, à Folha por Braido. O secretário disse que a resposta ditada era tudo o que ele poderia dizer sobre o assunto.
Uma das questões encaminhadas dizia respeito ao pagamento da viagem que ele fez a Paris no início do mês. Pitta viajou sob o pretexto de dar uma palestra no Mipim 2000 (Mercado Internacional de Profissionais do Setor Imobiliário), em 8 de março, às 11h30, mas chegou lá no dia 5.
My-Lao Cao, responsável pelo departamento de imprensa do Reed Midem Organisation -entidade que organizou o evento-, disse à Folha que Pitta só recebeu uma noite de hospedagem em Cannes pela palestra. Ela nega que a entidade tenha pago as passagens do prefeito afastado.
De acordo com pessoas próximas a Pitta, ele teria ficado hospedado no Hotel Intercontinental. O hotel não confirma. As despesas com diárias seriam de R$ 3.000.
Em uma das noites em que estava em Paris, Pitta jantou com a empresária Marina de Sabrit, no restaurante La Tour d'Argent.
Lá, um jantar que não inclua vinhos muito sofisticados não sai por menos de 800 francos (cerca de R$ 250) por pessoa.
A passagem aérea de Pitta, que só viaja na primeira classe, teria custado cerca de R$ 5.000.
A prefeitura não custeou as despesas da viagem de Pitta. As publicações do "Diário Oficial do Município" não informam nenhuma despesa, mas revelam que um funcionário da prefeitura viajou com ele e teve suas despesas custeadas pelo dinheiro público.
Em 1998, o vereador José Eduardo Cardozo (PT) protocolou um pedido de informações sobre o pagamento das despesas de uma viagem que o prefeito afastado realizou para a Alemanha, em abril daquele ano. Não obteve resposta até hoje. (ROBERTO COSSO E FÁTIMA GIGLIOTTI)








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