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Lula afasta Dirceu da operação política
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva determinou o afastamento
do ministro José Dirceu (Casa Civil) da articulação política com o
Congresso, que deve ficar concentrada na Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais, criada na reforma ministerial de janeiro e comandada por
Aldo Rebelo (PC do B-SP).
A decisão foi transmitida aos líderes na noite de quarta-feira pelo
próprio Aldo, em jantar que reuniu líderes e ministros na residência oficial do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Ao
lado de Aldo, Dirceu confirmou:
disse que sua função era administrativa, voltada para dentro do governo. Esse era o objetivo da reforma de janeiro. Na prática, porém, Dirceu continuou a operar
diretamente com o Congresso.
Anteontem foi um dia difícil para Dirceu. Em uma das várias reuniões que teve no Planalto, Lula
chegou a discutir a substituição
do ministro pelo presidente da
Câmara, cargo que seria assumido pelo 2º vice-presidente, Inocêncio Oliveira (PFL-PE). O ministro reagiu duramente, assim
como, na tarde de quarta, havia
reagido a um almoço dos líderes e
presidentes do PTB, PL e PP.
O ministro ligou para alguns
dos presentes perguntando se eles
queriam derrubá-lo. O líder do
PTB, José Múcio Monteiro (PE),
pensou até em não ir ao jantar na
casa de João Paulo. Foi, mas, assim como os demais, estava preparado para reagir a outro eventual ataque de Dirceu, que chegou
sorridente, acompanhado de Antonio Palocci Filho (Fazenda).
A presença de Palocci e Dirceu
no jantar também foi uma determinação de Lula para evitar mais
boatos sobre as divergências entre
os dois. Eunício Oliveira (Comunicações) e Eduardo Campos
(Ciência e Tecnologia) já queriam
ir mesmo. A presença dos dois,
alegou Lula, era importante, pois
Aldo já estava indo com soluções
para os problemas dos congressistas (verbas e cargos).
De acordo com deputados presentes, Palocci disse, em seu discurso, que ele e Dirceu "estão juntos na concepção da política econômica". Dirceu teria dito que
"não há divergências no governo
e o único maestro é Lula".
Uma das queixas recorrentes
dos líderes era que os ministros
não atendem aos congressistas.
Em meio ao jantar, Lula ligou para Aldo e disse que baixaria circular até hoje determinando que os
ministros atendam e respondam
a pedidos de informação de congressistas no prazo de 48 horas.
O governo espera votar já na
terça-feira a medida provisória
dos bingos, nos termos do relatório a ser apresentado pelo deputado Roberto Magalhães (PTB-PE).
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Sucursal de Brasília
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