São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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PMDB diz que não deixa governo, apesar de nota

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), disse que o partido não pretende deixar o governo, como deixou transparecer em nota divulgada anteontem, nem defende a mudança do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). "O que precisa é mudar o rumo da economia", afirmou.
No Senado, o vice-líder do PMDB, Hélio Costa (MG), discursou para dizer que a nota "expressa uma posição principalmente da Câmara". Segundo ele, "no Senado continuamos a apoiar o governo Lula sem condicionantes".
Em nota divulgada após reunião da Executiva Nacional, na quarta-feira, o PMDB disse que o apoio da sigla ao governo era "subordinado a uma política que promova o crescimento, distribua a renda e gere emprego". Para Temer, "a posição é programática, o PT defende a mesma coisa".
O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), solidarizou-se com o governo federal, dizendo que é seu defensor e defendendo a permanência de Palocci. Pediu que as pessoas não ajam de forma irresponsável, ao comentar a nota divulgada. "Não podemos ser irresponsáveis deixando a economia ser afetada."
Uma conjugação de interesses peemedebistas resultou na nota. A oposição, para fustigar o governo, e os governistas, por reclamarem da falta de espaço nas decisões do governo. Mas há casos específicos, como o do ex-governador Orestes Quércia, que está insatisfeito com as negociações com o PT em torno da aliança na eleição deste ano: o PMDB queria indicar candidato a vice na chapa de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo, mas ela preferiu uma puro-sangue, com Rui Falcão. Além disso, Quércia quer ministro seu aliado Marcelo Barbieri.
Temer esteve por várias vezes na alça de mira do governo, que chegou a ensaiar sua destituição da presidência do PMDB. Depois, deixou correr versão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o indicaria a uma vaga do Supremo Tribunal Federal. Com a crise política, o assunto foi esquecido.
A indicação de Temer para o STF abriria espaço para o senador Maguito Vilela, primeiro-vice, assumir a presidência do PMDB. O senador, que apóia o governo, está insatisfeito por julgar que seus pleitos não são atendidos. Com representante também na Executiva Nacional, o secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, cada vez mais insinua sua candidatura presidencial.
Além da nota, um outro movimento peemedebista passou despercebido ao longo da semana: o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder da bancada, Renan Calheiros (AL), principais fiadores do apoio ao governo, estavam em São Paulo enquanto o governo era criticado no Senado. Alegaram tratamento médico.
Embora não diga, Calheiros também está insatisfeito com o apoio dado pelo Planalto à emenda constitucional que permitirá a reeleição de Sarney à presidência do Senado.


Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre

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