São Paulo, Sexta-feira, 26 de Março de 1999
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MISTÉRIO EM ALAGOAS
Folha obtém foto em que empresário aparece descalço e, mesmo assim, mais alto do que a namorada
Delegado afirma que PC usava palmilha

Reprodução
O empresário PC Farias, que, mesmo descalço, aparece mais alto que a namorada Suzana Marcolino


da Agência Folha, em Maceió


O delegado Cícero Torres, responsável pelas investigações das mortes do empresário Paulo César Farias e de sua namorada Suzana Marcolino, afirmou que as fotos publicadas pela Folha anteontem e ontem não são suficientes para provar que há erro de cálculo na perícia do caso.
""O PC tinha costume de usar palmilha de cinco centímetros para ficar mais alto. Por isso digo que as fotos não provam nada", afirmou.
Mas foto obtida pela Folha mostra PC descalço e, mesmo assim, mais alto do que Suzana. A foto não permite ver se a namorada do empresário estava usando salto, como costumava. Cícero Torres afirmou ainda que é ""impossível" suspeitar de que tenha ocorrido erro na ficha de identificação de Suzana, um documento oficial utilizado para a confecção da carteira de identidade. Na ficha, Suzana teria 1,67 m de altura.
""Estão duvidando de um documento oficial. Mas não é só esse documento que existe para provar a altura. Ela foi medida também pela equipe do legista Badan Palhares no momento da autópsia."
Para a confecção do documento, entretanto, é preciso declarar a altura, mas não há nenhuma medição que comprove a afirmação.
Segundo o delegado, as discussões sobre prováveis erros na altura de Suzana, o que derrubaria o laudo de trajetória da bala e a tese de assassinato seguido de suicídio, foram levantadas pelo legista Daniel Munhoz, da USP (Universidade de São Paulo).
Para Torres, a medição feita por Munhoz induz a uma margem de erro, já que foi feita utilizando o esqueleto de Suzana. Disse ter estranhado a volta do caso.
O deputado Augusto Farias (PPB-AL), irmão de PC, desconsiderou as revelações feitas pela Folha sobre o caso. "Minha opinião é a mesma. Foi um homicídio acompanhado de suicídio", disse.
Segundo ele, sua opinião vai permanecer a mesma até que a Justiça mostre que a versão oficial não é verdadeira. O deputado afirmou que esteve em janeiro com o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Lean Antônio de Araújo, pedindo solução para o processo.
"O processo está aberto. Exijo uma definição da Justiça. Se acham que as provas não são condizentes, que achem novas provas. Ou então, arquivem o processo. O caso está dando muita mídia e não dá para aguentar isso."


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Redação

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