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DIPLOMACIA
Comitiva da secretária chega hoje e ocupa 106 apartamentos em hotel
Agenda de Rice com Lula inclui Equador e Venezuela
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise política no Equador, que
culminou na destituição do ex-presidente Lucio Gutierrez, e a recente aquisição de armas pelo governo da Venezuela deverão ser
os principais assuntos a serem
tratados na visita da secretária de
Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, ao Brasil.
Condoleezza e sua comitiva
chegam hoje a Brasília e vão ocupar 106 dos 395 apartamentos do
hotel cinco estrelas Blue Tree
Park, um dos principais da cidade. Alguns dos apartamentos serão transformados em escritórios.
A embaixada americana não informou o tamanho da comitiva,
mas funcionários do hotel disseram à Folha que vão receber cerca
de cem malas.
Nos encontros que terá com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, Condoleezza deverá retomar as conversas com o governo brasileiro sobre as preocupações da Casa
Branca com a compra de 100 mil
fuzis AK-47, da Rússia, pelo governo da Venezuela.
Segundo a Folha apurou, os Estados Unidos querem convencer
o governo brasileiro sobre o suposto perigo que a rebeldia do
presidente venezuelano, Hugo
Chávez, representaria.
Armamento
Quando esteve no Brasil, em
março, o secretário de Defesa dos
Estados Unidos, Donald Rumsfeld, manifestou-se publicamente, pela primeira vez, sobre a preocupação do governo americano
com o armamento do vizinho do
Brasil.
"Não vejo como esse armamento pode contribuir para a estabilidade no hemisfério", disse Rumsfeld em coletiva de imprensa, na
ocasião.
De acordo com um dos assessores do chanceler Amorim, o Brasil
tem todo o interesse em tentar
amenizar as intempestivas declarações de Chávez.
Sobre a compra de armas por
Chávez, porém, o governo brasileiro não vê perigo e também vai
fornecer equipamento militar para a Venezuela. Segundo o Itamaraty, o país vizinho comprou 30
aviões modelo Super Tucano de
treinamento militar produzidos
pela Embraer.
Ontem, na véspera da chegada
da secretária americana, o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, embarcou para a Venezuela.
Sua assessoria não revelou o motivo da viagem, mas seu retorno
estava previsto para ainda hoje, a
tempo de participar das audiências com Condoleezza Rice.
As estagnadas e conturbadas
negociações para a formação da
Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não deverão ser tema
da visita, já que o assunto costuma ser tratado pelo Departamento de Comércio.
A Folha apurou que Condoleezza Rice foi informada de que o
presidente Lula disse que a Alca
está fora da agenda do governo.
Agenda esportiva
Além dos encontros políticos
com o presidente Lula e ministros, Condoleezza vai receber na
Embaixada dos Estados Unidos
em Brasília a ginasta Daiane dos
Santos, os jogadores de vôlei Tande e Franco (medalhas de ouro na
última olimpíada), além de um
grupo de crianças do projeto Viva
Vôlei, financiado por recursos do
governo americano.
Ainda na embaixada, antes da
agenda política, a secretária assiste a uma apresentação de capoeira. Depois das audiências políticas, Condoleezza encerra o dia
num jantar oferecido pelo governo brasileiro no Itamaraty. Amanhã, ela termina sua viagem ao
Brasil com uma palestra sobre política externa, seguindo depois para o Chile.
A comitiva de Condoleezza se
hospeda no Blue Tree Park apenas por uma noite. Segundo o hotel, o valor das diárias variam de
R$ 315 a 686. A diária da suíte presidencial, que será ocupada pela
secretária, custa R$ 8.000.
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