São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2005

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DIPLOMACIA

Comitiva da secretária chega hoje e ocupa 106 apartamentos em hotel

Agenda de Rice com Lula inclui Equador e Venezuela

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise política no Equador, que culminou na destituição do ex-presidente Lucio Gutierrez, e a recente aquisição de armas pelo governo da Venezuela deverão ser os principais assuntos a serem tratados na visita da secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, ao Brasil.
Condoleezza e sua comitiva chegam hoje a Brasília e vão ocupar 106 dos 395 apartamentos do hotel cinco estrelas Blue Tree Park, um dos principais da cidade. Alguns dos apartamentos serão transformados em escritórios. A embaixada americana não informou o tamanho da comitiva, mas funcionários do hotel disseram à Folha que vão receber cerca de cem malas.
Nos encontros que terá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, Condoleezza deverá retomar as conversas com o governo brasileiro sobre as preocupações da Casa Branca com a compra de 100 mil fuzis AK-47, da Rússia, pelo governo da Venezuela.
Segundo a Folha apurou, os Estados Unidos querem convencer o governo brasileiro sobre o suposto perigo que a rebeldia do presidente venezuelano, Hugo Chávez, representaria.

Armamento
Quando esteve no Brasil, em março, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, manifestou-se publicamente, pela primeira vez, sobre a preocupação do governo americano com o armamento do vizinho do Brasil.
"Não vejo como esse armamento pode contribuir para a estabilidade no hemisfério", disse Rumsfeld em coletiva de imprensa, na ocasião.
De acordo com um dos assessores do chanceler Amorim, o Brasil tem todo o interesse em tentar amenizar as intempestivas declarações de Chávez.
Sobre a compra de armas por Chávez, porém, o governo brasileiro não vê perigo e também vai fornecer equipamento militar para a Venezuela. Segundo o Itamaraty, o país vizinho comprou 30 aviões modelo Super Tucano de treinamento militar produzidos pela Embraer.
Ontem, na véspera da chegada da secretária americana, o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, embarcou para a Venezuela. Sua assessoria não revelou o motivo da viagem, mas seu retorno estava previsto para ainda hoje, a tempo de participar das audiências com Condoleezza Rice.
As estagnadas e conturbadas negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não deverão ser tema da visita, já que o assunto costuma ser tratado pelo Departamento de Comércio.
A Folha apurou que Condoleezza Rice foi informada de que o presidente Lula disse que a Alca está fora da agenda do governo.

Agenda esportiva
Além dos encontros políticos com o presidente Lula e ministros, Condoleezza vai receber na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília a ginasta Daiane dos Santos, os jogadores de vôlei Tande e Franco (medalhas de ouro na última olimpíada), além de um grupo de crianças do projeto Viva Vôlei, financiado por recursos do governo americano.
Ainda na embaixada, antes da agenda política, a secretária assiste a uma apresentação de capoeira. Depois das audiências políticas, Condoleezza encerra o dia num jantar oferecido pelo governo brasileiro no Itamaraty. Amanhã, ela termina sua viagem ao Brasil com uma palestra sobre política externa, seguindo depois para o Chile.
A comitiva de Condoleezza se hospeda no Blue Tree Park apenas por uma noite. Segundo o hotel, o valor das diárias variam de R$ 315 a 686. A diária da suíte presidencial, que será ocupada pela secretária, custa R$ 8.000.


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