São Paulo, domingo, 26 de abril de 1998

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GOVERNO
Na Bahia, Luís Eduardo Magalhães conquistou a adesão de adversários tradicionais no PSDB, PSB e PMDB
Morte pode acirrar disputa com oposição

LUCIO VAZ
enviado especial a Salvador (BA)

A morte do deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) pode acabar com o processo de distensão política que o parlamentar tentava implantar na Bahia. As oposições temem a volta do coronelismo comandado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Luís Eduardo vinha conseguindo adesões de adversários tradicionais no PSDB, PSB e PMDB, visando a construção de uma candidatura com amplo apoio ao governo da Bahia.
Onde a aliança era impossível, ele encaminhava acordos de cooperação e boa convivência política.
O prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro (PSDB), tradicional adversário do grupo carlista, confirma que estava em entendimentos com Luís Eduardo. Ele pergunta: "E agora, José? Qual o projeto de Antonio Carlos?"
Jabes dificilmente apoiaria formalmente a candidatura de Luís Eduardo, mas afirma que a sua existência significava "mais qualidade no processo político". "Ele queria dar uma demonstração pública de que estava implantando um novo estilo na política da Bahia."
Para Jabes Ribeiro, a motivação maior de Luís Eduardo era o seu projeto pessoal de ser presidente da República em 2002. "Ele precisava dar o exemplo em casa. Queria trazer para a Bahia o que fez no Congresso, mostrar que adversário não é inimigo."
Luís Eduardo já havia conseguido várias adesões importantes à sua candidatura, como os prefeitos de Barreiras, Antônio Henrique (PSDB), de Porto Seguro, Ubaldino Jr. (PSB), e de Eunápolis, Paulo Dapé (PMDB), ex-líder das oposições a Antonio Carlos Magalhães na Assembléia Legislativa da Bahia.
O deputado federal Walter Pinheiro, possível candidato do PT ao governo baiano, acha que o grupo carlista terá dificuldade para manter os acordos fechados ou encaminhados por Luís Eduardo. "Haverá dificuldade. A costura de Luís Eduardo precisa ser mantida. Com a morte dele, fica praticamente zerado o processo."
Pinheiro acrescenta, porém, que muitos dos acordos foram fechados devido à utilização de métodos tradicionais na Bahia, como a promessa de liberação de recursos para os prefeitos que aderiram.



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