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CELSO PINTO
O que atrai no Garantia
As negociações entre o
Banco Garantia e o Credit
Suisse First Boston, o CSFB,
estão avançadas, mas ainda
não estão fechadas nem são
exclusivas.
O Garantia continua conversando com dois outros
bancos, um dos quais é a
Goldman Sachs. Existe, ainda,
um quarto banco que pode vir
a entrar na conversa.
O que está em jogo, do ponto
de vista dos bancos de investimento internacionais, é o passe de entrada para o topo de
uma série de operações no
Brasil. Para o Garantia, é um
passo visto como inevitável, se
o banco quiser se manter como banco de investimentos
com ampla atuação.
Quase todos os grandes bancos de investimentos internacionais entraram ou ampliaram sua presença no Brasil
nos últimos anos. A eventual
aquisição do Garantia, contudo, representaria um salto na
frente dos concorrentes em
termos de operações internas
no país.
São quatro os grandes bancos de investimentos americanos: a Merrill Lynch, a Salomon Smith Barney, o Morgan
Stanley e a Goldman Sachs. A
Merrill Lynch está ampliando
seu espaço no Brasil por meio
de um banco múltiplo e uma
distribuidora. O Morgan
Stanley também tem autorização para montar um banco
múltiplo.
A Salomon tem 50% do capital do banco Patrimônio e
uma associação para administração de recursos com o
Bradesco. A Smith Barney, recentemente incorporada à Salomon, pertence ao grupo
Travellers que, por sua vez,
acabou de fundir-se com o Citicorp para formar o maior
grupo financeiro do mundo. A
Salomon, portanto, acabou ficando com uma ligação com o
Citi, que tem uma forte operação no Brasil.
Dos quatro grandes, apenas
a Goldman Sachs mantém
apenas um escritório de representação no Brasil. Entre os
outros americanos, o JP Morgan tem um banco múltiplo e
uma corretora no Brasil. A
Bear Sterns e a Lehman mantêm apenas escritórios de representação, mas já declararam ter planos mais ambiciosos para o país. O Bankers tem
uma associação com o Itaú
num banco de investimentos.
O Chase tem uma operação
tradicional no país na área de
banco de investimento.
Entre os suíços, o CSFB tem
o direito de montar um banco
múltiplo, e o Swiss Bank Corp
comprou a Omega (corretora
e banco múltiplo). O britânico
Robert Flemings comprou a
Graphus (corretora e banco
múltiplo). O alemão Deutsche
Morgan Grenfell herdou as
operações do banco Deutsche
no Brasil.
Outro alemão-britânico é o
Dresdner Kleinwort Benson
que, embora só tenha um escritório, ampliou muito a
equipe no Brasil. O holandês
ABN-Amro tem um banco
múltiplo, está no varejo, mas
também é forte no atacado. O
ING, também holandês, tem
um banco comercial e uma
corretora. O francês Indosuez,
hoje do Crédit Commerciale
de France, tem uma distribuidora.
Mesmo levando em conta
toda a expansão recente,
quem eventualmente comprar
o Garantia vai pular para o
topo das operações brasileiras
de fusões e aquisições, lançamentos de ações e tesouraria.
Ou seja, o Garantia faz diferença, mesmo considerando
que a área de bancos de investimento já é internacionalizada, ao contrário dos bancos
comerciais, onde a presença
estrangeira é limitada.
Para o Garantia, o passo seria inevitável para mantê-lo
competitivo como um banco
de investimentos de atuação
geral. O espaço para bancos
de investimento independentes está acabando em todo o
mundo, não só no Brasil. A
capacidade de distribuição
mundial de bancos internacionais lhes dá uma grande
vantagem em várias operações.
Jorge Paulo Lemann, principal sócio do Garantia, acha
que pode haver espaço para
bancos de investimento independentes que se dediquem a
nichos de negócio, como disse,
há uma semana, na "Latin
American Business Conference", em Harvard, Boston. Um
desses nichos, a seu ver, poderia ser "private equity", fundos de investimento em empresas, algo que, a seu ver, depende mais da qualidade da
relação pessoal do que do tamanho da organização.
Para manter um banco de
investimentos global, contudo, parece inevitável buscar
um parceiro internacional. Se
o negócio for feito, é provável
que só permaneçam no Garantia os sócios mais jovens.
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