|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Venda pode gerar problema com os EUA
DE WASHINGTON
O Brasil pode ter problemas internacionais -principalmente
com os EUA- caso o urânio vendido para a China saia do país
asiático para países que não têm
armas atômicas. É o que diz Marco Vicenzino, diretor-executivo-adjunto do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos,
maior autoridade independente
sobre assuntos político-militares.
"Isso pode se transformar em
um problema se o urânio vendido
à China sair de lá em direção a outros países que não têm armas
atômicas", disse. Leia entrevista
concedida ontem à Folha.
(FERNANDO CANZIAN)
Folha - O acordo que está sendo
negociado entre Brasil e China para
a venda de urânio deve provocar
reações dos Estados Unidos?
Marco Vicenzino - A China já tem
a bomba atômica e a tecnologia
para produzi-la. Por isso, não deve ser um acordo muito controverso. Mas, se o Brasil tiver como
estratégia também exportar urânio a outros países, aí podem começar os problemas. Mesmo que
seja para fins pacíficos.
Se ficar limitado à China, creio
que não haverá maiores conseqüências entre EUA e o Brasil.
Mas, embora os chineses já tenham a bomba, isso pode se
transformar em um problema se
o urânio vendido à China sair de
lá em direção a outros países que
não têm armas atômicas.
Folha - Como o sr. vê este tipo de
parceria em áreas sensíveis e estratégicas entre o Brasil e a China?
Vicenzino - Do ponto de vista
geopolítico dos EUA, a aproximação nessa e em outras áreas entre
Brasil e China será muito interessante, pois pode causar surpresas.
A preocupação atual dos EUA em
relação à China é que, ao crescer
muito rapidamente, o país poderá
fazer muitas alianças ao redor do
mundo. Não só na América Latina, mas na África e no Oriente
Médio, com países como o Irã.
Com todos os problemas atuais
-Iraque, terrorismo, Oriente
Médio-, os Estados Unidos se
esqueceram da América Latina.
Quando acordarem, os chineses
já terão muitos investimentos, em
países da América Latina principalmente, e vão se apresentar como grandes competidores para os
americanos.
Texto Anterior: Negócio agrada a pesquisadores brasileiros Próximo Texto: Operação Vampiro: 104 servidores são investigados por desvios Índice
|