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Deputados citados pela PF têm aumento em bens declarados
Entre 1998 e 2006, a maior variação de patrimônio, segundo dados da Justiça Eleitoral, é de Olavo Calheiros, de 4.260%
Olavo não foi encontrado para comentar a evolução; Antônio Albuquerque é o único a não ser milionário -soma hoje R$ 916 mil
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
O patrimônio de deputados
citados na investigação da Operação Navalha, da Polícia Federal, cresceu substancialmente
de 1998 a 2006. Hoje, somente
um não é milionário. O que
apresenta a maior variação patrimonial é Olavo Calheiros
(PMDB-AL). O valor de seus
bens aumentou 4.260%.
Em 1998, ele declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de
Alagoas possuir R$ 90,7 mil -já
descontada a inflação no período que, segundo o IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 78%. Na última eleição, apresentou total de bens
no valor de R$ 3,95 milhões.
Ele foi citado por Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, alvo da operação, em
1995 -em telefonemas gravados pela PF em razão de uma licitação ganha pela empresa
quando Olavo era secretário de
Infra-Estrutura de Alagoas. O
deputado disse na última quarta que seu envolvimento é "fantasia policial". Ontem, ele não
foi encontrado para comentar
sua evolução patrimonial.
O mais rico dos citados é o
deputado federal Paulo Magalhães (DEM-BA). Ele tem R$
14,08 milhões, conforme declarou na eleição do ano passado.
Em 1998, em valores já corrigidos, possuía R$ 1,39 milhão.
Grampos da PF apontam pagamento de R$ 20 mil ao deputado, sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), que tachou a suposta propina de "insignificante".
O deputado nega as suspeitas. Um assessor dele afirmou
que o enriquecimento se deve a
uma indenização milionária
ganha em um processo movido
contra um banco.
O ex-deputado José Ivan de
Carvalho (PPS-SE), que chegou
a ser preso na operação, teve
um incremento de 184% nos
bens. Em 2006, declarou R$
1,95 milhões. Em 1998, eram R$
687,7 mil (corrigidos). Ele é
acusado de atuar em favor da
Gautama para obter liberação
de R$ 6,8 milhões para obras da
adutora do rio São Francisco.
Segundo a PF, Zuleido pagou
R$ 50 mil a ele em troca.
O ex-deputado nega que tenha recebido o dinheiro da
Gautama e afirma que não era
mais deputado em setembro de
2006, quando a PF o acusa de
ter recebido a propina.
Seu advogado, Emanuel Cacho, disse que só ele poderia falar sobre isso, mas o ex-deputado estava "incomunicável", em
viagem de São Paulo a Aracaju.
Antônio Albuquerque
(DEM), presidente da Assembléia de Alagoas, também enriqueceu. Foi de R$ 378,2 mil
(corrigidos) para R$ 916,3 mil.
A Folha ligou para seu celular,
mas um empregado atendeu e
disse que ele estava "trabalhando com gado".
Relatórios e gravações telefônicas levantam a suspeita de
que ele tenha intercedido para
que o governo alagoano liberasse verbas para a Gautama.
Ele nega o envolvimento.
Exceção
A reportagem não conseguiu
levantar, na Câmara Legislativa
do Distrito Federal, o patrimônio em 1998 do deputado distrital Pedro Passos (PMDB). Ele
foi preso pela PF por ter supostamente recebido propina da
Gautama e já está solto.
No entanto, entre as eleições
de 2002 e a de 2006, seu patrimônio diminuiu 32%. Em
2002, ele tinha R$ 4 milhões
(atualizados). Em sua última
declaração, tem R$ 2,7 milhões.
A declaração de bens do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entregue
em 2002, apresenta seus bens
(três imóveis, dois em Brasília e
um em Maceió, e dois carros,
um Toyota e um Mitsubishi),
mas não o valor deles.
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