São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Deputados citados pela PF têm aumento em bens declarados

Entre 1998 e 2006, a maior variação de patrimônio, segundo dados da Justiça Eleitoral, é de Olavo Calheiros, de 4.260%

Olavo não foi encontrado para comentar a evolução; Antônio Albuquerque é o único a não ser milionário -soma hoje R$ 916 mil


JOÃO CARLOS MAGALHÃES
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

O patrimônio de deputados citados na investigação da Operação Navalha, da Polícia Federal, cresceu substancialmente de 1998 a 2006. Hoje, somente um não é milionário. O que apresenta a maior variação patrimonial é Olavo Calheiros (PMDB-AL). O valor de seus bens aumentou 4.260%.
Em 1998, ele declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas possuir R$ 90,7 mil -já descontada a inflação no período que, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 78%. Na última eleição, apresentou total de bens no valor de R$ 3,95 milhões.
Ele foi citado por Zuleido Veras, dono da construtora Gautama, alvo da operação, em 1995 -em telefonemas gravados pela PF em razão de uma licitação ganha pela empresa quando Olavo era secretário de Infra-Estrutura de Alagoas. O deputado disse na última quarta que seu envolvimento é "fantasia policial". Ontem, ele não foi encontrado para comentar sua evolução patrimonial.
O mais rico dos citados é o deputado federal Paulo Magalhães (DEM-BA). Ele tem R$ 14,08 milhões, conforme declarou na eleição do ano passado. Em 1998, em valores já corrigidos, possuía R$ 1,39 milhão.
Grampos da PF apontam pagamento de R$ 20 mil ao deputado, sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), que tachou a suposta propina de "insignificante".
O deputado nega as suspeitas. Um assessor dele afirmou que o enriquecimento se deve a uma indenização milionária ganha em um processo movido contra um banco.
O ex-deputado José Ivan de Carvalho (PPS-SE), que chegou a ser preso na operação, teve um incremento de 184% nos bens. Em 2006, declarou R$ 1,95 milhões. Em 1998, eram R$ 687,7 mil (corrigidos). Ele é acusado de atuar em favor da Gautama para obter liberação de R$ 6,8 milhões para obras da adutora do rio São Francisco. Segundo a PF, Zuleido pagou R$ 50 mil a ele em troca.
O ex-deputado nega que tenha recebido o dinheiro da Gautama e afirma que não era mais deputado em setembro de 2006, quando a PF o acusa de ter recebido a propina.
Seu advogado, Emanuel Cacho, disse que só ele poderia falar sobre isso, mas o ex-deputado estava "incomunicável", em viagem de São Paulo a Aracaju.
Antônio Albuquerque (DEM), presidente da Assembléia de Alagoas, também enriqueceu. Foi de R$ 378,2 mil (corrigidos) para R$ 916,3 mil. A Folha ligou para seu celular, mas um empregado atendeu e disse que ele estava "trabalhando com gado".
Relatórios e gravações telefônicas levantam a suspeita de que ele tenha intercedido para que o governo alagoano liberasse verbas para a Gautama. Ele nega o envolvimento.

Exceção
A reportagem não conseguiu levantar, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, o patrimônio em 1998 do deputado distrital Pedro Passos (PMDB). Ele foi preso pela PF por ter supostamente recebido propina da Gautama e já está solto.
No entanto, entre as eleições de 2002 e a de 2006, seu patrimônio diminuiu 32%. Em 2002, ele tinha R$ 4 milhões (atualizados). Em sua última declaração, tem R$ 2,7 milhões.
A declaração de bens do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), entregue em 2002, apresenta seus bens (três imóveis, dois em Brasília e um em Maceió, e dois carros, um Toyota e um Mitsubishi), mas não o valor deles.


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