São Paulo, terça, 26 de maio de 1998

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Município vive da agricultura

do enviado especial

Tauá fica no sudoeste do Ceará. Tem 53 mil habitantes, a maioria vivendo da terra. Teve alguma fama na seca de 1979, quando 300 mulheres botaram para correr um valentão do governo e o obrigaram a aceitá-las nas frentes de trabalho masculinas.
Hoje, seja qual for o critério, Tauá é um dos municípios que teve mais saques nos últimos dois meses. Pelas contas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, eles aconteceram em 27 localidades. Pela conta de quem passa pela estrada, só no caminho de Crateús ainda há vestígios de seis barreiras destinadas a parar caminhões. A primeira foi levantada no final de abril. A última continua lá.
Na sua delegacia, foram registradas pelo menos 19 queixas. Elas se dividem em dois tipos: os das estradas e os das ruas. Nas estradas já teriam sido tomadas 63 t de cereais. Nas ruas, onde é dada preferência a depósitos do governo, os saques foram 12. A prefeitura, duas vezes. Seis escolas públicas, além de uma do Lions Club e outra da associação do Banco do Brasil.
Em geral, levou-se a comida, mas da creche Vovó Claudia sumiu o liquidificador e, numa escola do distrito de Arneiroz, sumiram também cinco aparelhos de televisão e um vídeo. Nesse caso, a mercadoria foi embarcada no caminhão do genro de um vereador.
Nenhuma casa comercial foi atacada e há a suspeita de que o excedente de cereais esteja sendo trocado num câmbio paralelo. Como os carreteiros evitam o pedaço da BR-020 que passa por Tauá, já houve falta de arroz no comércio.
(EG)



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