São Paulo, terça, 26 de maio de 1998

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DENÚNCIA ANÔNIMA
Polícia temia "perigo" do avanço judaico

da Reportagem Local

Mesmo no pós-guerra, os judeus que imigraram para o Brasil continuaram enfrentando restrições Äainda que simbólicasÄ por parte da polícia paulista.
É o que demonstra uma carta anônima de novembro de 1947. O documento se encontra no Arquivo do Estado de São Paulo, entre os incontáveis relatórios do extinto Deops.
Dois anos depois de a Segunda Guerra terminar e de a ditadura de Getúlio Vargas cair, um informante da polícia chamava a atenção para o desembarque de judeus nos portos de Santos e do Rio de Janeiro, trazidos pelos vapores italianos Enricoe, Philippa, Andrea Gritti e Sestrieri.
O aviso tinha um tom francamente anti-semita: "Como de costume, fingiam-se eles (os israelitas) de católicos, usando cruzes e santinhos em locais visíveis (tudo hipocrisia). Na cidade de Santos, muitos desses judeus se manifestaram (isso na intimidade) simpáticos à Rússia e ao seu credo".
Também sem se identificar, o agente que recebeu a correspondência tratou de complementá-la com uma observação igualmente preconceituosa:
"Este informante de há muito vem advertindo sobre o perigo da colônia judaica. Ele está apavorado com o progresso dessa gente e diz não saber por que existe displicência das autoridades, não só do Brasil como das Américas". (AA)




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