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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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TRIBUTÁRIA

Apesar de esforços do governo, ato teve cerca de 300 participantes

Empresários elogiam Lula e fazem críticas a reforma

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em manifestação realizada ontem em Brasília, líderes das principais confederações empresariais criticaram o projeto do governo para a reforma tributária, mas com o cuidado de poupar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua política econômica.
O ato, com cerca de 300 empresários, mostrou que não foi propriamente bem-sucedida a estratégia do governo de se comprometer publicamente a não elevar a carga de impostos -o que, em tese, esvaziaria a principal queixa do empresariado.
"O governo está se comprometendo [a não elevar a carga tributária], mas essa promessa eu ouço há anos, e a carga só faz subir", discursou Jorge Gerdau Johannpeter, que, à frente do grupo de pressão Ação Empresarial, entregou manifesto com propostas de mudanças no texto da reforma ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
Foi uma referência ao acordo proposto pelo ministro Tarso Genro, secretário-executivo do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
Em nome do governo, Genro propôs ao conselho, onde os empresários têm grande peso, um pacto pelo qual a Fazenda garante a permanência da atual carga tributária, em torno de 36% do PIB -a contrapartida dos conselheiros é o apoio à reforma. Os empresários, porém, deixaram claro que não abrem mão de pressionar por mudanças no projeto.
Em compensação, o empresariado também explicitou ontem que não busca nenhum tipo de confronto -ao contrário dos servidores públicos em relação à reforma da Previdência.
Lula recebeu elogios dos líderes do ato, que fizeram discursos em evento no Hotel Nacional, antes da ida ao Congresso em oito ônibus. Em um momento raro na história recente, sete dirigentes empresariais discursaram num mesmo evento sem uma única menção às altas taxas de juros e seus efeitos sobre a produção. "Não cabe fazer crítica ao governo, nossa presença aqui não tem relação com a questão dos juros", explicou o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro (PMDB-PE), membro da comissão especial da Câmara que analisa a reforma.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, segundo sua assessoria, não foi a Brasília porque tinha compromissos agendados anteriormente.
O governo e seus aliados cuidaram de não tratar a manifestação dos empresários como um ato contrário à reforma tributária. "Vamos fazer desse um movimento de apoio", disse o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), relator da comissão especial.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), foi aplaudido pelos manifestantes ao concordar com a tese de que a carga tributária não pode ser elevada. Do Congresso, os empresários seguiram para um encontro com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), de quem ouviram novamente a promessa de que não haverá aumento de impostos.


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