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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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Quadrilha fazia cadastro falso do Fome Zero

DO "AGORA"

A polícia de São Paulo descobriu um grupo de estelionatários que vendia a assinatura de um cartão de crédito falso, o Rede Cidadão -em alusão ao Renda Cidadã, programa estadual de assistência- e também fazia um falso cadastramento para o Fome Zero.
De acordo com as investigações da polícia, eles criaram parceria com associações de bairro e fizeram pelo menos 3.500 vítimas nos últimos três meses na cidade.
O grupo vendia a assinatura por R$ 10. O associado teria um crédito de R$ 120 por mês para gastar na rede credenciada -farmácias e supermercados da região.
Segundo a polícia, os golpistas aproveitaram o lançamento do Fome Zero, programa de combate à fome do governo federal, em janeiro deste ano, e decidiram também fazer o credenciamento das pessoas carentes, que custava R$ 3. Os interessados em participar do programa também receberiam uma cesta básica por mês.
O crime foi descoberto, na manhã de ontem, por funcionários da Subprefeitura da Vila Prudente/Sapopemba, que receberam ligações anônimas denunciando o golpe. A Polícia Civil prendeu em flagrante o acusado de ser o líder da quadrilha, Izidro Jesus Purificação Filho, Ivanete Maria Gomes e Margarida Antônio Lourdes.
Segundo a delegada Márcia Janotti, Purificação Filho admitiu que o grupo arrecadava dinheiro em cerca de 800 associações de bairro, mas negou a venda dos cartões e credenciamento. Os três foram indiciados por estelionato.

Cadastramento
A presidente da associação de idosos Pró-Morar 1 e 2, Lúcia Gomes de Souza, 47, também foi indiciada ontem. Mariana de Albuquerque Campos, advogada da subprefeitura, registrou um boletim de ocorrência contra a associação. No local, em Sapopemba (zona leste), a assessora da subprefeitura Heldenir Souza Martins, 41, se passou por moradora e entrou na fila para se cadastrar no programa Fome Zero.
"As pessoas estavam felizes com a esperança de participar do programa", afirmou a assessora.
No local, a polícia encontrou um folheto do Rede Cidadão, com a assinatura de Purificação Filho.
O folheto diz que o inscrito tem direitos à rede credenciada e pode usufruir de seus benefícios.
Lúcia negou que fazia o cadastramento na associação e disse que os R$ 3 de cada associado era usado para a manutenção do local. "Se ganhasse dinheiro com esse cadastramento não continuaria morando em um barraco."
O governo estadual orienta que somente a prefeitura e duas associações -no Jardim Pantanal (zona leste) e no Grajaú (zona sul)- podem fazer o cadastramento do Renda Cidadã.
O Fome Zero, programa social do governo federal, ainda não chegou à capital paulista, mas já está em 139 cidades do Nordeste e de Minas Gerais. Segundo a prefeitura, as cestas básicas só são distribuídas em áreas indígenas.


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