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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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NO AR

Quando um não quer

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- Quando um não quer, dois não brigam.
Era Lula, com um sorriso, garantindo que não quis ofender ninguém. Não quis, mas saiu desmarcando compromissos no Supremo e na Fiesp.
Na federação das indústrias, a decisão presidencial jogou mais lenha nas diferenças em torno da reforma tributária.
O presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, já havia declarado o apoio à "manifestação" dos empresários em Brasília. Um dia antes, no Jornal Nacional, sublinhou que a economia "está toda parada, com índices de desemprego muito altos".
Certo, ele também elogiou o governo que, "preocupado com o Brasil", eleva as metas de inflação. E não questionou toda a reforma tributária, mas certas "fragilidades" dela.
Não importa. Lula não vai mais. Nem José Dirceu.
Num ambiente de conflito, até entre os empresários surgiram diferenças. Antônio Ermírio de Moraes não foi ao ato e criticou, dizendo que "manifestações temos demais". Disse ainda que dois ministros fizeram pressão contra o movimento.
Jorge Gerdau, que esteve à frente da manifestação na TV, disse que não ouviu de nenhum dos ministros qualquer solicitação contra o ato.
 
Lula também não foi à posse dos novos ministros no Supremo Tribunal Federal, como destacaram os telejornais.
O presidente do Supremo, Maurício Corrêa, que lidera o lobby contra a outra reforma, da Previdência, desta vez evitou qualquer discurso.
Tanto a ausência de Lula como a ausência de um discurso de Corrêa seriam explicadas depois, para bem poucos acreditarem, como respeito deles às regras e ao regimento.
Foi uma maneira de evitar que o presidente da República, que questionou o Judiciário um dia antes, e o presidente do Supremo, que respondeu com sarcasmo, tivessem que olhar um para o outro. Na televisão, sobrou para ambos.
Boris Casoy disse que Lula agora é presidente e deve tomar cuidado com o que sai falando em seus "improvisos". Míriam Leitão desculpou Lula ("certamente uma força de expressão") e atacou Corrêa:
- O Judiciário não pode continuar com o que tem feito, com presidentes de tribunais que falam de seus interesses como se fossem defesa do poder.
 
Mas o pior foi no Congresso. José Sarney defendeu Lula, mas o líder tucano falou até mesmo em "impeachment".
Ato contínuo, sete deputados abandonaram o PSDB.


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