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CRIME ORGANIZADO
Paes de Barros (MT) diz querer acabar com a impunidade
CPI do Banestado confirma tucano para a presidência
ANDRÉA MICHAEL
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua primeira reunião, a CPI
mista do Banestado (Banco do Estado do Paraná) elegeu como presidente o senador Antero Paes de
Barros (PSDB-MT), como vice o
deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ)
e confirmou como relator o deputado José Mentor (PT-SP).
Barros é aliado político do ex-governador Dante de Oliveira
(MT), acusado de se beneficiar,
em campanhas políticas, de recursos recebidos de uma empresa
de João Arcanjo Ribeiro, chefe de
uma das maiores quadrilhas do
país e hoje preso no Uruguai.
Dante nega a acusação.
Mentor é homem de confiança
do ministro José Dirceu (Casa Civil), principal articulador político
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O governo tem duas preocupações em relação à CPI: que os
desdobramentos políticos prejudiquem a tramitação das reformas previdenciária e tributária e
que a investigação de remessas de
recursos via contas CC-5 repercuta negativamente no mercado.
Dos 13 senadores e 14 deputados da comissão, 21 votaram em
Barros e 22 em Maia. Dois outros
optaram por Ideli Salvatti (PT-SC) para presidente, um gesto de
clara oposição à indicação feita
pelo PSDB. Salvatti foi a primeira
a colher assinaturas para instalar
a CPI, mas foi pressionada por seu
partido a aguardar um momento
político mais apropriado.
Com duração de 120 dias, a CPI
investigará a evasão de divisas, especialmente destinadas a paraísos
fiscais, apurada pela Operação
Macuco, uma investigação da Polícia Federal que apontou a existência de um esquema de lavagem
de dinheiro utilizando doleiros,
laranjas e a agência do Banestado
em Nova York. Hoje Barros, Maia
e Mentor discutirão uma estratégia de investigação e um cronograma de trabalho. A próxima
reunião da CPI será na terça-feira.
Considerado intempestivo por
congressistas, Barros fez questão
ontem de convocar todos os funcionários e integrantes da CPI para um compromisso com a responsabilidade de preservar o sigilo das investigações. "O sucesso
da CPI depende de preservar a
honra de pessoas inocentes. Mas
também é necessário acabar com
a impunidade", declarou.
Ontem à tarde, os procuradores
Luiz Francisco de Souza, Valquíria Quixadá e Raquel Branquinho, do Ministério Público Federal em Brasília, entregaram ao senador Magno Malta (PL-ES), integrante da CPI, sugestões para
agilizar os trabalho da comissão.
Questionado sobre os prejuízos
que a CPI poderia causar à tramitação das reformas, Luiz Francisco afirmou: "A CPI é um bilhão de
vezes mais importante do que as
reformas do governo".
Na manhã de ontem, em depoimento à Comissão de Fiscalização
e Controle do Senado, o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que o Brasil não dispõe de uma "estrutura eficiente
de combate à lavagem".
Também falaram aos senadores
a secretária Nacional de Justiça,
Cláudia Chagas, e o diretor-geral
da Polícia Federal, Paulo Lacerda.
Chagas centrou sua apresentação nas tratativas que vêm sendo
feitas para recuperar o tratado de
cooperação entre Brasil e Estados
Unidos (MLAT) pelo qual o rastreamento internacional do dinheiro que passou pelo Banestado vem sendo feito.
Há dois meses, o Departamento
de Justiça dos EUA criticou policiais federais que estiveram em
Nova York e não cumpriram um
acordo pelo qual deveriam entregar informações às autoridades
americanas em troca de acesso a
dados de seu sistema bancário.
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