São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/O PUBLICITÁRIO

Marcos Valério diz para revista que fez negócios com pecuaristas; em nota, afirma que só se pronunciará na quarta-feira

Publicitário diz que dinheiro era para gado

DA REDAÇÃO

O publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou à revista "Veja" ter feito altos saques em dinheiro para comprar gado. "Reconheço que já fiz vultosas movimentações financeiras no Banco Rural. Tenho fazendas, compro animais. Lido com gado. Há fazendeiros que simplesmente não aceitam cheque", afirmou o publicitário.
Segundo a revista "Veja" desta semana, técnicos do Banco Central em Belo Horizonte detectaram diversos saques em dinheiro, de "valores vultosos", de contas de Valério e empresas suas, no Banco Rural, na capital mineira.
Reportagem da revista "IstoÉ" reproduz papéis que mostram saques das empresas do publicitário no total de R$ 20,9 milhões, entre julho de 2003 e maio de 2005, nos caixas do mesmo Banco Rural. De acordo com a "IstoÉ", os documentos foram entregues ao Ministério Público Federal de São Paulo e ao Ministério Público Estadual de Minas Gerais, que investigam supostas irregularidades nas movimentações.
Valério disse também ter visitado a assessora-chefe da Casa Civil, Sandra Cabral, na ante-sala do então ministro da Casa Civil José Dirceu, "quatro ou cinco vezes".
Segundo o empresário, eles discutiam a possibilidade de Delúbio Soares, tesoureiro do PT, ser candidato a deputado federal pelo Estado de Goiás. "A Sandra é amiga do Delúbio e estava preocupada com a campanha dele", disse à revista "Veja".
O publicitário afirmou não ser amigo de José Dirceu. "No período em que foi ministro, [estive com ele] três ou quatro vezes, no máximo. Por telefone, devo ter falado duas vezes, logo no início do governo." Segundo ele, os encontros aconteceram "por acaso". "O Zé é professor de Deus, um cara muito formal. Temos um relacionamento esparso", disse.

Ministros e BC
Valério afirmou à "Veja" que freqüentou o Banco Central. "O Rural [banco] é meu cliente e eu fiz um favor a ele", disse. Segundo Valério, existiam alguns títulos de interesse do Banco Rural no BC.
Ele disse ainda que visitou os gabinetes do ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto, e de Humberto Costa, da Saúde, para "discutir política".
"Uma única vez, [estive] com o ministro Humberto Costa. Discutimos a política em Pernambuco. Todo mundo sabe que ele quer ser candidato a governador."
Ao explicar porque foi 13 vezes à sede do PT em Brasília, Valério disse: "Fui tomar cafezinho com meu amigo Delúbio. Discutíamos futilidades e um pouco de política". "Nunca neguei que sou muito, mas muito amigo mesmo do Delúbio. Eu sou do interior, bicho do mato. O Delúbio é goiano, bicho do mato também."
Em nota oficial enviada ontem à imprensa, a assessoria de Valério diz que esclarecimentos relativos "à movimentação financeira e patrimonial" serão feitos na próxima quarta-feira, em depoimento à comissão de sindicância da Câmara, em Brasília.
Leia a íntegra da nota:
"A propósito das notícias publicadas, neste fim de semana, em veículos de comunicação, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza informa que todos os esclarecimentos relativos à movimentação financeira e patrimonial -dele e das empresas das quais ele participa- serão prestados nos foros adequados, entre os quais a Comissão de Sindicância, instalada pela Corregedoria da Câmara Federal, em Brasília, onde deporá na próxima quarta-feira."


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