São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-presidente do IRB nega irregularidades

DA SUCURSAL DO RIO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ex-presidente do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) Luiz Appolonio Neto rebateu ontem as acusações relatadas por uma sindicância interna da estatal.
De acordo com o relatório, o ex-presidente do IRB -que ocupou o cargo entre 31 de março e 7 junho- é suspeito de irregularidade no pagamento de indenizações de sinistro em um processo relativo à empresa Companhia de Fiação e Tecidos Guaratinguetá.
"Fui eu quem instaurei a sindicância. Nem fui ouvido a respeito dessa situação. Um funcionário fez acusações contra mim e não pude me defender", afirmou.
A sindicância, que começou no dia 30 de maio e ouviu 24 pessoas, foi encaminhada ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
Segundo o relatório, Appolonio utilizou o cargo de diretor de Planejamento e Estratégia (que ocupava em setembro de 2004) para pressionar o gerente de sinistros Juan Campos Domingues Lorenzo a assinar um documento relacionado ao processo da empresa.
Conforme depoimento de Lorenzo à comissão, ele foi chamado ao gabinete do ex-diretor técnico Carlos Murilo Barbosa Lima e pressionado por este e por Appolonio a assinar o documento.
Appolonio disse que, em 2004, o diretor responsável pela área de sinistros era o Barbosa Lima: "Esse rapaz que me acusa era subordinado diretamente a ele. Eu não tinha qualquer intimidade, muito menos ingerência sobre ele, para pressioná-lo a fazer alguma coisa". Barbosa Lima não foi localizado pela Folha.

Corretoras
A mesma sindicância levanta suspeita de improbidade administrativa e tráfico de influência contra o diretor de Gestão Corporativa de Furnas, Rodrigo Botelho Campos, por enviar carta ao IRB defendendo a contratação da corretora Acordia/Assurê, de Henrique Brandão, amigo do deputado Roberto Jefferson (PTB).
Botelho Campos confirmou ontem ter endereçado carta ao IRB, em setembro de 2003, designando a Assurê para intermediar a colocação, no exterior, de parte do seguro contra explosão, incêndio e danos elétricos em dez hidrelétricas, duas termelétricas e 43 subestações da estatal.
"Foi uma indicação pró-forma, tendo em vista que o corretor [Henrique Brandão] nos procurou, assim como outros corretores. Não temos nenhum contrato com a Assurê ou com qualquer outra de suas empresas", disse Botelho Campos. "O IRB tem o monopólio e é quem decide, e não Furnas", afirmou.
Segundo o relatório, a escolha "deve ser precedida do pertinente processo licitatório".
A sindicância concluiu que o ex-presidente do IRB Lídio Duarte e o ex-diretor Comercial Luiz Eduardo Lucena favoreceram três corretoras de resseguros (Acordia/Assurê, Cooper Gay e Alexander Forbes) ao indicá-las, sem critério técnico, para intermediar a colocação de parte dos contratos no exterior. A Folha deixou recado para o advogado de Lídio Duarte, Técio Lins e Silva, mas não obteve resposta.


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/ O publicitário: Publicitário diz que dinheiro era para gado
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/ O publicitário: PMDB discutirá oferta de Lula em convenção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.