São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/O PUBLICITÁRIO

Decisão deve atrasar reforma ministerial; partido pode receber as pastas de Minas e Energia, Integração Nacional, Saúde e Cidades

PMDB discutirá oferta de Lula em convenção

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), disse ontem que deverá ser decidida "em nova convenção" a aceitação ou não da proposta de participação no governo feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira. "Ouvindo as lideranças, sinto que a maioria deseja que essa decisão seja tomada em nova convenção", disse Temer.
Já Lula decidiu que só deverá realizar a reforma quando o PMDB lhe der uma resposta oficial, pois a extensão das modificações dependerão dela. Amanhã, Temer pretende realizar uma reunião em Brasília para discutir a proposta de Lula. Na sexta, o presidente disse estar disposto a dar ao partido quatro ministérios de peso: Minas e Energia, Integração Nacional, Saúde e Cidades. Lula deixou aberta ainda a possibilidade de a legenda manter Previdência ou Comunicações desde que indique substitutos para os ministros Romero Jucá e Eunício Oliveira. No total, o partido deveria se contentar com quatro pastas.
Se a decisão peemedebista tiver de ser submetida a uma convenção, dificilmente ela acontecerá nesta semana, o que deverá esticar a conclusão da reforma e gerar paralisia no governo, pois há possibilidade de as modificações no primeiro escalão atingirem 15 dos 35 ministros. Muitos ministros estão em compasso de espera -Lula já tem avisado a alguns petistas que eles deverão sair.
Desde a última sexta-feira, Temer tem ouvido dos sete governadores e de dirigentes da ala oposicionista que seria desmoralizante uma decisão da Executiva do partido permitir a ampliação do espaço da sigla no governo. Na última convenção, no ano passado, a decisão foi pela entrega dos cargos, o que não ocorreu, pois o mérito é ainda discutido na Justiça.
Na avaliação de Lula, dobrar o espaço do PMDB é fundamental para superar a maior crise política de seu governo. Lula julga o partido vital para aumentar a sua proteção no Congresso, onde há investigações sobre acusações de corrupção no governo federal.
O PMDB tem a maior bancada do Senado (23) e a segunda da Câmara (85 deputados). O partido está em condições de extrair concessões de Lula, como receber pastas e nomear toda a estrutura principal abaixo do ministro, o que não acontece hoje.
Na reunião de sexta entre Lula e Temer, da qual participaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), Lula citou o nome de Silas Rondeau, presidente da Eletronorte, para as Minas e Energia. Silas é ligado a José Sarney.

Aldo
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse ontem em São Paulo que não sabe se continuará no governo: "Não sei nem se permaneço no ministério". Segundo ele, a reforma é "um assunto exclusivo do presidente" e não cabe a ele manifestar-se sobre o tema. O PC do B decidiu manter o apoio ao governo mesmo que perca suas pastas.


Colaborou FLÁVIA MANTOVANI, da Reportagem Local


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