São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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SENADOR SOB PRESSÃO

Relatórios sobre caso Banpará serão pedidos ao BC

Líderes decidem autorizar Supremo a processar Jader

DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes dos partidos no Senado tomaram ontem duas decisões que acuam ainda mais o senador Jader Barbalho (PMDB-PA): vão autorizar o STF (Supremo Tribunal Federal) a processar o senador, caso o tribunal encaminhe pedido nesse sentido ao Senado, e vão requisitar ao Banco Central os relatórios que tratam do envolvimento de Jader em desvio de dinheiro do Banpará.
"A autorização [para o STF processar Jader] será quase on-line", disse o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), também ratificou o apoio, defendido pela oposição. Para que os partidos de oposição concordassem com a licença de Jader da presidência da Casa, os governistas prometeram na época aprovar um pedido de licença do STF para processar o senador.
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, já adiantou que deve encaminhar ao STF pedido de inquérito contra Jader. Como tem foro privilegiado, Jader só pode ser julgado pelo Supremo, que é obrigado a pedir licença ao Congresso para processar um parlamentar.

Banpará
Quanto à requisição dos documentos do BC, há um pedido apresentado pela oposição aguardando votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Os documentos devem servir de base para um eventual pedido de cassação por falta de decoro.
Os líderes também decidiram que vão aprovar o requerimento relativo aos documentos do Banpará em regime de urgência no plenário. A votação é necessária porque se trata de quebra de sigilo bancário. "Vamos aprovar o requerimento e todos os procedimentos que ajudarem a esclarecer as denúncias", afirmou Machado.
A oposição quer os relatórios do BC para fazer um cruzamento com os discursos de Jader em plenário e levantar contradições. Caso o senador tenha mentido em algum discurso, poderá ser processado por falta de decoro.
O líder do bloco de oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), defendeu na reunião que os líderes se manifestassem formalmente a favor da abertura de investigação no Conselho de Ética, mas foi derrotado. Governistas argumentaram que o conselho é independente, mas que iriam apoiar todos os procedimentos necessários para a apuração das acusações contra Jader. O representante do PFL na reunião, senador Eduardo Siqueira Campos (TO), disse que o conselho não é subordinado ao colégio de líderes.
Essa foi a primeira reunião de líderes após o afastamento de Jader. Foi convocada pelo presidente interino, Edison Lobão (PFL-MA), para estabelecer uma agenda positiva, na tentativa de tirar o foco das acusações a senadores.


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