São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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Escolha teve apoio de d. Cláudio

DA SUCURSAL DO RIO

D. Eusébio Scheid não era o candidato preferido de d. Eugenio nem foi o mais votado na consulta feita pela Nunciatura Apostólica. Mas acabou indicado pelo Vaticano pela eliminação de alguns nomes e pelo aval que teve de um grande eleitor, o cardeal d. Cláudio Hummes, de São Paulo, e do próprio núncio apostólico, d. Alfio Rapisarda.
Sua escolha, conforme a Folha publicou em 18 de maio, mostra que o Vaticano optou por um nome de transição. D. Eusébio está com 68 anos e, em tese, tem de se aposentar, pelas regras do Vaticano, aos 75. Sete anos pode ser o tempo necessário para o amadurecimento de uma solução mais duradoura para uma arquidiocese tão importante.
Um nome mais novo, com a perspectiva de uma permanência mais longa, significaria dar ao Rio um rumo pastoral definitivo, mais conservador ou mais renovador, num momento em que a própria Igreja Católica mundial vive a expectativa do fim do pontificado de João Paulo 2º e de novos caminhos que serão indicados pelo futuro papa.
Dos nomes avaliados, d. Eusébio era o que mais se encaixava nesta perspectiva de transição. Ele nem é completamente afinado com d. Eugênio e, portanto, deverá fazer mudanças, nem tem divergências pastorais ou teológicas significativas com o antecessor.

Votação
A consulta, feita pela Nunciatura, recolheu listas tríplices de 42 eleitores, entre cardeais, arcebispos, bispos e poucos padres, freiras e leigos. O nome mais votado foi o de d. Fernando Figueiredo, 61, bispo de Santo Amaro e famoso por abrigar na sua diocese a maior estrela do movimento carismático no Brasil, padre Marcelo Rossi.
O segundo nome mais votado foi o do cardeal d. Geraldo Majella Agnelo, 67, de Salvador, seguido de d. Alano Maria Pena, 65, de Nova Friburgo (RJ). Dos três, o único realmente próximo de d. Eugenio é d. Alano.
D. Geraldo é um moderado e, além das diferenças pastorais, não queria trocar Salvador pelo Rio. D. Fernando, além de novo, tem uma ênfase na linha carismática que não coincide com a de d. Eugênio, que abriga o movimento, mas sem deixar que seja hegemônico.
Embora estes tenham sido os três nomes mais votados, a lista tríplice, encaminhada pela Nunciatura para o Vaticano em 20 de abril, foi diferente e trazia os nomes de d. Alano, de d. Eusébio e, em terceiro, de d. Murilo Krieger, 57, de Maringá (PR).
A escolha de d. Alano significaria a continuidade, sem qualquer alteração, da linha de d. Eugênio. Além disso, ele perdeu um grande eleitor no Vaticano, d. Lucas Moreira Neves, dominicano como ele e agora aposentado. D. Murilo, conservador como d. Alano e d. Eusébio, significaria a opção por um longo pontificado neste período de expectativas e interrogações.
A Sagrada Congregação para os Bispos, reunida em maio em Roma, acabou acatando a sugestão do núncio no Brasil e encaminhou para o papa o nome de d. Eusébio, que foi aceito. No relatório enviado ao Vaticano, os "jovens" d. Fernando Figueiredo e d. Murilo Krieger foram muito elogiados e tratados como "reservas" para próximas missões importantes da igreja no Brasil.



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