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'Igreja Católica não deve ter partido'
DA SUCURSAL DO RIO
O novo arcebispo do Rio,
d. Eusébio Scheid, avalia que
o país vive um momento de
"angústias, incertezas e de
um certo pessimismo". Na
sua opinião, é dever da Igreja
Católica "fazer o povo aumentar a consciência de cidadania", mas sem engajamento partidário. Ontem,
ele deu a seguinte entrevista.
Folha - O sr. pretende manter a linha pastoral de d. Eugenio Sales?
D. Eusébio Scheid - Pretendo conservar o que tiver de
bom. Quero ser um carioca
de coração. Tanto a inspiração do Espírito Santo como
a minha sensibilidade vão
me ajudar a encontrar a linha de trabalho na diocese.
Folha - Como o sr. avalia os
30 anos de gestão de d. Eugenio?
D. Eusébio - Ele foi uma rocha no período militar
[1964-1985". Firme, em todos os sentidos. Não criou
conflitos, mas soube se portar na linha do Evangelho,
nunca compactuou com os
abusos que se cometia. E lutou pela democracia.
Ele foi ainda um inovador
na linha pastoral. Idealizou a
Campanha da Fraternidade,
depois tornada nacional por
d. Hélder Câmara, criou a
Pastoral da Família e inovou
no uso dos meios de comunicação. Sempre foi muito
sereno, muito seguro e sempre bem assessorado. Deu
uma atenção especial ao clero e aos religiosos.
Folha - D. Eugenio é considerado um bispo conservador. O sr. tem afinidades teológicas com ele?
D. Eusébio - Sou teólogo. É
possível que tenhamos uma
diferença ou outra, mas pequena. Estamos de acordo
em tudo que é essencial.
Folha - Um dos problemas
graves do Rio é a presença do
narcotráfico. Como o sr. pretende enfrentar o problema?
D. Eusébio - Que Deus me
permita ser um portador de
paz nesse mundo do narcotráfico. Só espero trazer um
pouco de paz.
Folha - E em relação ao país,
qual a sua avaliação?
D. Eusébio - É uma situação
de angústias, incertezas e de
um certo pessimismo. É
uma pena. A própria instabilidade é muito triste. Nosso
primeiro dever é fazer o povo aumentar a consciência
de cidadania. Vou continuar
trabalhando na linha de politizar sem política partidária. Jamais seria defensor de
uma política de partidos. A
Igreja Católica não deve ter
partido. O próprio nome
[partido" mostra que divide.
Nossa missão é politizar, aumentar a consciência política. Mas compartilhando
sempre a grande esperança.
Não adianta só criticar.
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