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PT SOB SUSPEITA
Promotor quer saber como foram usados R$ 140 mil doados por empresa de lixo contratada pela prefeitura sem licitação
ONG ligada ao PT terá de explicar uso de recursos
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Estado
de São Paulo solicitou ontem informações sobre os R$ 140 mil
doados pela Enterpa Ambiental,
empresa de coleta de lixo contratada pela prefeitura petista de São
Paulo, a uma organização não-governamental ligada ao PT.
O promotor de Cidadania Fernando Capez, responsável pelo
caso, deu um prazo de 15 dias para que a empresa, a ONG e a Administração Regional do Campo
Limpo (que seria usada pela organização) comprovem que o dinheiro foi realmente usado para
projetos culturais.
A ONG investigada é a Occa
(Organização de Cultura e Cidadania), fundada pelo vereador petista Vicente Cândido. Hoje, a Occa é presidida por sua ex-assessora Maria Inês da Silva.
A doadora, a Enterpa Ambiental, foi uma das empresas beneficiadas no início da gestão de Marta Suplicy (PT) com um contrato
emergencial (sem licitação) para
prestar serviço de limpeza urbana. A empresa foi ainda uma das
maiores doadores de campanha
de Marta -colaborou indiretamente com R$ 302 mil.
A denúncia partiu do professor
Carlos Martinez, que participou
ONG. Segundo ele, graças ao respaldo financeiro da Enterpa (que
se comprometeu a doar R$ 200
mil, pagos em parcelas mensais),
a Occa conseguiu que a Secretaria
Municipal da Cultura aprovasse o
projeto "50 horas de cultura e esporte contra a violência urbana",
direcionado a crianças carentes
da região do Campo Limpo (zona
sul de São Paulo).
Ter um doador para o projeto é
um requisito básico para conseguir sua aprovação. De acordo
com as leis brasileiras de incentivo à cultura, a empresa doadora
poderá abater até 70% do valor
doado em seus impostos.
Martinez disse que algumas
reuniões do grupo ocorreram no
gabinete do vereador, no prédio
da Câmara Municipal de São Paulo, apesar de o petista estar formalmente desligado da Occa
-Vicente Cândido disse ter se
afastado da direção da ONG em
dezembro de 2000.
Além de afirmar que o dinheiro
não foi utilizado regularmente pela ONG, Martinez disse ainda que
o vereador petista pressionou organismos municipais para acelerar a aprovação do projeto.
Vicente Cândido afirmou ontem que não cometeu nenhuma
irregularidade e que, se pressionou, foi por um bom motivo: "Incentivar atividades culturais para
crianças carentes".
Perguntas
Em seu ofício, o promotor Fernando Capez solicitou à Occa a
relação de patrocinadores do projeto e os respectivos valores doados, com as datas das contribuições. A promotoria quer saber
ainda, de forma detalhada, como
foi aplicado o dinheiro.
A Enterpa, por sua vez, deverá
responder quanto foi doado à
ONG -a empresa confirma a
doação, mas não fala em valores-, qual a finalidade da contribuição e se o pagamento foi feito
em cheque ou em dinheiro.
O promotor perguntou ainda se
já houve algum abatimento em
tributos municipais, estaduais ou
federais por causa da doação.
O administrador da Regional de
Campo Limpo, Glauco José Aires,
deverá especificar se os projetos
da ONG se desenvolvem no prédio municipal, como afirmou o
denunciante.
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