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JANIO DE FREITAS
Votos úteis
Desde os primeiros passos da
candidatura de Ciro Gomes,
os confrontos se sucedem sem
trégua na cúpula da sua campanha. Nenhum foi mais inútil,
porém, do que este que pretende
lançar sobre Roberto Mangabeira Unger os fogos todos do inferno, a pretexto de que conversou com Anthony Garotinho sobre a sua renúncia e a de Ciro,
para dar apoio à vitória de Lula
da Silva já no primeiro turno. É
possível que o sempre irado senador Roberto Freire ainda não
tenha percebido, mas o fato é
que a candidatura de Ciro Gomes chegou à situação crítica há
algum tempo. E que seus apoiadores se têm transferido, em
movimento constante, para outros candidatos, entre os quais
Lula.
Nesse movimento está o prenúncio do que a candidatura de
Lula pode esperar no dia da
eleição: a adesão do voto útil. Se
mesmo o Ceará já emite indícios
consistentes em tal sentido, com
mais razões o voto útil tende a
ocorrer em outras regiões.
Assim é, do ponto de vista do
eleitorado, a questão que provoca mais um terremoto na campanha de Ciro Gomes.
Há outro ponto de vista. É o
político. Quem considere, como
Ciro Gomes tem dito, com toda
a oposição, que é preciso impedir a continuidade do atual esquema de poder, presumivelmente tem a derrota do candidato do governo como prioridade, se o seu próprio candidato
não demonstra condições de vitória. A idéia de uma frente Lula-Ciro-Garotinho pode ser recusada, mas nada tem de insultuosa para os dois últimos, nem
de estapafúrdia. É, politicamente, lógica e, com variação de modos e circunstâncias, muito comum: política é a busca de reunir forças para contraposição a
outras forças.
É tão compreensível o desejo
humano de Ciro Gomes, de permanecer esperançoso na disputa, quanto é compreensível o desejo político, por exemplo, de setores do PFL que começam a inclinar-se, em surdina, para engrossar a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno.
Ou melhor, neste caso, de derrota de José Serra sem mais chance.
Pague
A especulação com o dólar já
produz os outros efeitos esperáveis, além dos lucros para uns
poucos. É o aumento para toda
a população, na média de 10%,
de muitos produtos alimentícios
e de higiene que estão saindo da
indústria para o comércio.
Mas o Ministério da Fazenda,
o Banco Central e a Abin (o SNI
rebatizado) não acham relevante investigar quem comprou e
quem vendeu dólar, fazendo a
alta.
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