São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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JANIO DE FREITAS

Votos úteis

Desde os primeiros passos da candidatura de Ciro Gomes, os confrontos se sucedem sem trégua na cúpula da sua campanha. Nenhum foi mais inútil, porém, do que este que pretende lançar sobre Roberto Mangabeira Unger os fogos todos do inferno, a pretexto de que conversou com Anthony Garotinho sobre a sua renúncia e a de Ciro, para dar apoio à vitória de Lula da Silva já no primeiro turno. É possível que o sempre irado senador Roberto Freire ainda não tenha percebido, mas o fato é que a candidatura de Ciro Gomes chegou à situação crítica há algum tempo. E que seus apoiadores se têm transferido, em movimento constante, para outros candidatos, entre os quais Lula.
Nesse movimento está o prenúncio do que a candidatura de Lula pode esperar no dia da eleição: a adesão do voto útil. Se mesmo o Ceará já emite indícios consistentes em tal sentido, com mais razões o voto útil tende a ocorrer em outras regiões.
Assim é, do ponto de vista do eleitorado, a questão que provoca mais um terremoto na campanha de Ciro Gomes.
Há outro ponto de vista. É o político. Quem considere, como Ciro Gomes tem dito, com toda a oposição, que é preciso impedir a continuidade do atual esquema de poder, presumivelmente tem a derrota do candidato do governo como prioridade, se o seu próprio candidato não demonstra condições de vitória. A idéia de uma frente Lula-Ciro-Garotinho pode ser recusada, mas nada tem de insultuosa para os dois últimos, nem de estapafúrdia. É, politicamente, lógica e, com variação de modos e circunstâncias, muito comum: política é a busca de reunir forças para contraposição a outras forças.
É tão compreensível o desejo humano de Ciro Gomes, de permanecer esperançoso na disputa, quanto é compreensível o desejo político, por exemplo, de setores do PFL que começam a inclinar-se, em surdina, para engrossar a possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno. Ou melhor, neste caso, de derrota de José Serra sem mais chance.

Pague
A especulação com o dólar já produz os outros efeitos esperáveis, além dos lucros para uns poucos. É o aumento para toda a população, na média de 10%, de muitos produtos alimentícios e de higiene que estão saindo da indústria para o comércio.
Mas o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a Abin (o SNI rebatizado) não acham relevante investigar quem comprou e quem vendeu dólar, fazendo a alta.


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