São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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CAMPO MINADO

Foi o 2º caso registrado em propriedades invadidas por famílias sem terra em menos de dez dias no Estado

Grupo faz ataque a acampamento na PB e deixa 2 feridos

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Duas pessoas, entre elas uma criança, ficaram feridas depois que cinco homens armados invadiram o acampamento de sem-terra Olho D'Água, em Mari (PB), a 70 km ao norte de João Pessoa, na tarde de anteontem.
Na invasão, uma criança foi ferida na perna e o sem-terra Gilson Justino foi hospitalizado após ter sido espancado.
Foi o segundo ataque de grupos armados em áreas invadidas por sem-terra, com feridos, em menos de dez dias no Estado.
No ataque de anteontem, Justino teria sido confundido, de acordo com a CPT (Comissão Pastoral da Terra) da Paraíba, com o líder sem-terra Edivaldo Martins, ao ser espancado.
"Tudo que ocorrer será responsabilidade do ouvidor agrário, que está avisado da guerra que ocorre aqui", disse o advogado da CPT, Noaldo Belo Meireles.
Ontem, o secretário de Segurança da Paraíba, Gualberto Bezerra, anunciou que foi aberto inquérito policial para apurar o atentado no acampamento Olho D'Água. A PM foi enviada ao local, mas não tem pista dos autores.
O ouvidor agrário nacional, Gercino José Alves da Silva Filho, disse que está acompanhando "as conflagrações" na Paraíba desde junho e defendeu o uso de uma força-tarefa para "acabar com a violência agrária no Estado".
Ele esteve na região de Itabaiana (sul de João Pessoa) nos dia 19 e 20 de junho. E disse ter enviado relatório ao Conselho de Defesa dos Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, em 17 de julho.

Fogo
No dia 15, doze homens armados com espingardas calibre 12 e revólveres calibre 38 invadiram um assentamento de trabalhadores rurais sem-terra, no município de Jacaraú, a 84 km de João Pessoa, e atearam fogo em 20 barracos. Na área vivem 52 famílias.
Os sem-terra Cláudio Rodrigues Seriarco e José Jorge da Silva foram feridos a bala durante o ataque. Seriarco foi baleado quando retirava do barraco uma filha de um ano, que estava dormindo. Os dois estão fora de perigo.
O ataque ao assentamento teria sido comandado, segundo a Polícia Militar, pelo dono da fazenda São José, Marcos Antônio Mota Barbosa, preso em flagrante com quatro funcionários. Outras sete pessoas fugiram e não tinham sido encontradas até as 20h40.
Mota Barbosa negou, em depoimento à polícia, que tivesse comandado o ataque. Diz que apenas se defendeu dos sem-terra.



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