São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Para acalmar mercado, petista diz ao partido que, se eleito, ministro da Fazenda seria definido "em questão de dias"

Lula planeja apressar sua equipe econômica

DA REPORTAGEM LOCAL

Os integrantes da equipe econômica em um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva devem ser anunciados em questão de dias após sua eleição. Essa é a tendência dentro do comando de campanha petista, acertada em conversas nos últimos dias que tiveram a participação de Lula.
O objetivo é dar ao mercado o mais rápido possível um sinal de qual será o rumo econômico adotado pelo futuro governo, para neutralizar uma possível instabilidade causada pela vitória petista.
Em conversas de Lula com os principais dirigentes do partido e com assessores econômicos, ficou acertado que a prioridade após a eventual vitória -seja em primeiro ou em segundo turno- será a definição de três cargos: ministro da Fazenda, ministro do Planejamento e presidente do Banco Central. O ministro do Desenvolvimento (ou do nome que a pasta tiver sob Lula) também pode entrar no pacote.
Segundo apurou a Folha com dois integrantes do núcleo lulista, o presidenciável tem deixado claro nas conversas que os nomes serão anunciados "em questão de dias" após sua eventual vitória.
O assunto é tratado com muita cautela no partido. Está proibida qualquer discussão sobre a composição do futuro governo, para evitar "salto alto" na campanha. "Não ganhamos nada ainda", tem dito Lula em todas as conversas.
A idéia de antecipar nomes ainda antes da eleição para mandar um sinal tranquilizador ao mercado, que chegou a ser cogitada no primeiro semestre, foi definitivamente abandonada. Mas o PT se prepara para o futuro.
Internamente, Lula diz que a prioridade, na reta final de campanha e na fase de transição, deve ser tranquilizar o mercado. Petistas dizem que neste momento uma das únicas coisas que poderiam arruinar a chance de Lula vencer é o discurso do "terrorismo econômico" fazer efeito.
O PT sabe que a exigência do mercado de uma definição rápida de nomes e prioridades terá de ser saciada. "Mostrarmos rapidamente um caminho coerente e passar responsabilidade é o que mais vai importar", diz um dirigente. Apesar de a discussão de nomes estar proibida, já há algumas indicações sobre o perfil da eventual equipe econômica.
A pasta do Planejamento terá importância reforçada, com status igual ao da Fazenda. Já a pasta da Fazenda poderá ter um viés mais político que a atual. Os nomes teriam de ter grande visibilidade política e ser palatáveis aos investidores, em que pese a perspectiva de mudança na diretriz econômica. Mas não teriam de ser necessariamente filiados ao PT.
Outra cartada que Lula guarda é a nomeação de um conselho de economistas ligado à Presidência, formado por pessoas de grande respeitabilidade no mundo acadêmico e no mercado. O conselho, inspirado em instância semelhante existente nos EUA, teria a função de assessorar o petista e sugerir alternativas ao governo.

Roseana
A ex-governadora e ex-presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA) anunciou ontem publicamente seu voto em Lula.
A declaração ocorreu durante comício em São Luís: "Vocês podem votar no [Anthony] Garotinho [PSB], no Ciro [Gomes, do PPS] ou no Lula. Eu, pessoalmente, voto no Lula". Ela voltou a orientar seus eleitores a não votar em José Serra (PSDB), classificado por ela como o mentor da "desconstrução" de sua pré-candidatura. (FÁBIO ZANINI)


Colaborou a Agência Folha, em São Luís



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