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TRANSIÇÃO
Para acalmar mercado, petista diz ao partido que, se eleito, ministro da Fazenda seria definido "em questão de dias"
Lula planeja apressar sua equipe econômica
DA REPORTAGEM LOCAL
Os integrantes da equipe econômica em um eventual governo
de Luiz Inácio Lula da Silva devem ser anunciados em questão
de dias após sua eleição. Essa é a
tendência dentro do comando de
campanha petista, acertada em
conversas nos últimos dias que tiveram a participação de Lula.
O objetivo é dar ao mercado o
mais rápido possível um sinal de
qual será o rumo econômico adotado pelo futuro governo, para
neutralizar uma possível instabilidade causada pela vitória petista.
Em conversas de Lula com os
principais dirigentes do partido e
com assessores econômicos, ficou
acertado que a prioridade após a
eventual vitória -seja em primeiro ou em segundo turno- será a definição de três cargos: ministro da Fazenda, ministro do
Planejamento e presidente do
Banco Central. O ministro do Desenvolvimento (ou do nome que a
pasta tiver sob Lula) também pode entrar no pacote.
Segundo apurou a Folha com
dois integrantes do núcleo lulista,
o presidenciável tem deixado claro nas conversas que os nomes serão anunciados "em questão de
dias" após sua eventual vitória.
O assunto é tratado com muita
cautela no partido. Está proibida
qualquer discussão sobre a composição do futuro governo, para
evitar "salto alto" na campanha.
"Não ganhamos nada ainda", tem
dito Lula em todas as conversas.
A idéia de antecipar nomes ainda antes da eleição para mandar
um sinal tranquilizador ao mercado, que chegou a ser cogitada
no primeiro semestre, foi definitivamente abandonada. Mas o PT
se prepara para o futuro.
Internamente, Lula diz que a
prioridade, na reta final de campanha e na fase de transição, deve
ser tranquilizar o mercado. Petistas dizem que neste momento
uma das únicas coisas que poderiam arruinar a chance de Lula
vencer é o discurso do "terrorismo econômico" fazer efeito.
O PT sabe que a exigência do
mercado de uma definição rápida
de nomes e prioridades terá de ser
saciada. "Mostrarmos rapidamente um caminho coerente e
passar responsabilidade é o que
mais vai importar", diz um dirigente. Apesar de a discussão de
nomes estar proibida, já há algumas indicações sobre o perfil da
eventual equipe econômica.
A pasta do Planejamento terá
importância reforçada, com status igual ao da Fazenda. Já a pasta
da Fazenda poderá ter um viés
mais político que a atual. Os nomes teriam de ter grande visibilidade política e ser palatáveis aos
investidores, em que pese a perspectiva de mudança na diretriz
econômica. Mas não teriam de ser
necessariamente filiados ao PT.
Outra cartada que Lula guarda é
a nomeação de um conselho de
economistas ligado à Presidência,
formado por pessoas de grande
respeitabilidade no mundo acadêmico e no mercado. O conselho, inspirado em instância semelhante existente nos EUA, teria a
função de assessorar o petista e
sugerir alternativas ao governo.
Roseana
A ex-governadora e ex-presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA) anunciou ontem publicamente seu voto em Lula.
A declaração ocorreu durante
comício em São Luís: "Vocês podem votar no [Anthony] Garotinho [PSB], no Ciro [Gomes, do
PPS] ou no Lula. Eu, pessoalmente, voto no Lula". Ela voltou a
orientar seus eleitores a não votar
em José Serra (PSDB), classificado por ela como o mentor da
"desconstrução" de sua pré-candidatura.
(FÁBIO ZANINI)
Colaborou a Agência Folha, em São Luís
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