São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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Sistema de ciclos combate evasão escolar

DA SUCURSAL DO RIO

O sistema de ciclos não é uma invenção brasileira, mas, na avaliação do Ministério da Educação e dos formuladores da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), cai como uma luva ao sugerir um modelo que ataca os dois principais males da educação no país: a evasão e a repetência.
Os índices de repetência no Brasil são absurdos se comparados aos de países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Um levantamento feito pela Unesco e divulgado em 2000 mostrou que, de um total de 16 países avaliados, o Brasil era o que apresentava as maiores e mais destoantes taxas.
A taxa, calculada com base nos indicadores de 1997, ficava em 26%, mais do que o triplo da encontrada no segundo país com maior índice de repetência, o Paraguai, onde a taxa era de 8,4%.
A repetência é a principal causa de outro problema grave da educação brasileira: a evasão. Um aluno que "leva bomba" na escola tende a ficar mais desestimulado e até a desistir de estudar.
Avaliações feitas pelo MEC com base no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) mostram que os estudantes repetentes têm, em média, desempenhos inferiores nas provas do que os que nunca repetiram de ano.
Em defesa dos ciclos, o ministro Paulo Renato Souza (Educação) cita também análises feitas a partir de dados do Saeb que mostram que escolas que adotam esse sistema têm, em média, notas maiores no exame do que as que ainda utilizam o modelo seriado.
O sistema sofreu críticas no Estado de São Paulo quando a imprensa começou a noticiar casos de alunos que, com mais de dez anos de idade, ainda não haviam sido alfabetizados, algo que deveria acontecer normalmente aos sete anos.
Os defensores do sistema em São Paulo argumentavam que eram casos esporádicos e que esses exemplos não podiam invalidar toda uma experiência que deu certo em diversos países desenvolvidos.
O sistema de ciclos é mais trabalhoso para o professor, pois diminui a responsabilidade do aluno pelo seu fracasso e aumenta a da escola, que precisa recuperar o aluno antes que ele seja retido numa série. (ANTÔNIO GOIS)


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