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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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LONGA JORNADA NOITE ADENTRO

Líderes do PSDB e PFL e a petista Heloísa Helena comandaram as provocações ao governo

Bate-boca arrastou votação por 16 horas

Lula Marques/Folha Imagem
O senador Magno Malta serve refrigerante para os presentes; os petistas tomaram canja de galinha para aguentar a maratona


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Da ironia aos gritos e tapas na mesa, a oposição dominou as quase 16 horas de discussão da reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Irritado com as provocações de pefelistas e tucanos, o PMDB contra-atacou e vetou o acordo que o governo costurava com a oposição para acelerar a votação em troca de alterações no mérito.
Os peemedebistas apontaram como pivôs da irritação os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR), Leonel Pavan (PSDB-SC), Heloísa Helena (PT-AL) e Efraim Morais (PFL-PB).
Heloísa Helena, principalmente por causa das provocações a Romero Jucá (PMDB-RR), vice-líder do PMDB, que apresentou o requerimento suspendendo a leitura dos votos em separado pela oposição.
"Quero elogiar a coerência de vossa excelência, que sempre agiu em favor do governo. Ele sempre foi da turma da patrolagem", disse ela, referindo-se ao fato de Jucá ter ido do PSDB para o PMDB neste ano. "Hay gobierno? Soy a favor", cantarolava, fazendo um jogo de palavras com o lema "Hay gobierno? Soy contra".
O tucano Álvaro Dias bateu boca com o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que leu um longo voto em separado com críticas à reforma. O líder disse que não ficaria ouvindo "impropérios" de um senador que há dias lhe telefonou pedindo apoio para ser embaixador.
Renan se arrependeu. Sua afirmação provocou todo o PSDB, cujo líder, Arthur Virgílio (AM), ameaçou obstruir todas as matérias de interesse do governo, até o Orçamento.
Entre um embate e outro, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) fez um mea-culpa atacando o governo por "cercear" a oposição: "O grito não é bom para ninguém. Muitas vezes gritei e errei".
Na madrugada, senadores do PT tomaram canja de galinha no plenário, servida em copos descartáveis. Os pefelistas preferiram pizza, biscoitos e chocolates. Magno Malta pediu que seu gabinete providenciasse sanduíches e distribuiu para poucos. Ney Suassuna (PMDB-PB) -que foi jantar em uma churrascaria- queixou-se da "atitude mesquinha" Ele tem o hábito de distribuir lanches aos colegas quando participa de reuniões longas.


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