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MINISTROS NO FOGO
Costa Neto critica atuação do ministro dos Transportes, que não estaria atendendo aos pleitos do partido
Presidente do PL desaprova gestão de Adauto
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PL,
deputado federal Valdemar Costa
Neto (SP), criticou abertamente
ontem a atuação do único ministro do partido, Anderson Adauto
(Transportes), tornando pública
uma insatisfação que vinha sendo
tratada reservadamente.
Costa Neto deu a entender que,
apesar de elogiar a capacidade de
articulação política de Adauto,
considera-o um fracasso na tarefa
executiva. "Acontece que um cargo público executivo é uma prova
de cem metros rasos. Você pode
ser o melhor velocista do mundo,
mas, se titubeou na largada, perdeu a corrida", disse o deputado.
Entre outras coisas, Costa Neto
se referiu às notícias surgidas no
início do ano dando conta de supostas ligações de Adauto com
pessoas acusadas de comandar
um esquema que teria fraudado
em R$ 4 milhões a Prefeitura de
Iturama (MG), reduto eleitoral do
ministro. O fato teria ocorrido em
1996: "Aquelas denúncias estavam rodando Brasília o tempo todo e ninguém havia dado atenção.
Mas eram problemas locais. Isso
dificultou o trabalho dele".
Nas declarações que já deu sobre o assunto, o ministro negou
qualquer envolvimento em irregularidades. Solicitado a explicar
melhor seu raciocínio, Costa Neto
reforçou: "O Anderson é um excelente cara para articular. No
Executivo, ele está tento dificuldade, é nítido. Se eu falar que ele não
está tendo dificuldade, vocês vão
me chamar de louco".
A Folha tentou entrar em contato ontem com Adauto para que
ele falasse a respeito de sua relação com o partido, mas a assessoria de imprensa do ministério não
deu resposta até o fechamento
desta edição.
O fato é que deputados do PL
estão insatisfeitos com a gestão de
Adauto, que não estaria atendendo a pleitos da bancada. Em suma, eles não estariam se sentindo
representados no governo.
Além disso, veio a público nos
últimos dias a notícia de que o ministro foi condenado em primeira
instância a uma inelegibilidade de
três anos, a partir de 2004, pelo
uso de avião da Assembléia Legislativa de Minas em 2000, quando
era presidente da Casa e candidato a prefeito de Uberaba. Adauto
afirmou, em declarações anteriores, que a ação judicial é fruto de
disputa "política paroquial".
O ministro é um dos possíveis
candidatos a perder o posto na reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer até o final do ano. Nesta semana, ele criticou indiretamente Lula e cobrou mais verbas
para a infra-estrutura.
Para agravar a situação, tanto
Costa Neto quanto outros deputados do PL fazem questão de não
defender a posição do ministro do
partido, o que é comum em outras legendas e em outras situações. Questionado sobre se a avaliação ruim da administração de
Adauto decorreria das verbas escassas do ministério ou de uma
suposta inoperância do ministro,
Costa Neto respondeu: "Foi repassada verba para lá. Mas aí tem
esse problema da parte executiva.
Ele tem dificuldade. É inegável,
ele está tendo dificuldade na administração do ministério", disse.
O deputado fez questão de ressaltar que a nomeação de Adauto
foi uma escolha pessoal de Lula,
ou seja, não seria indicação dele
ou do vice José Alencar, figura de
maior relevo hoje no PL. "O José
Alencar gosta do Anderson, tem
muito respeito por ele, mas não
foi ele quem escolheu", afirmou.
Alencar e Adauto fizeram carreira política em Minas Gerais e
ingressaram no PL após saírem
do PMDB. Na época da montagem do governo, o partido indicou a Lula o nome do também deputado Ronaldo Vasconcellos,
que ocuparia o Turismo. O deputado saiu do PL e se filiou ao PTB.
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