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OPERAÇÃO ANACONDA
Norma Emílio Cunha, ex-mulher do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, teria idéia fixa de prejudicá-lo
Defesa irá pedir exame mental de presa
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Norma Regina Emílio Cunha,
ex-mulher do juiz federal João
Carlos da Rocha Mattos, deverá se
submeter a um exame psiquiátrico a pedido de sua própria defesa.
O advogado Paulo Esteves quer
provar que sua cliente agiu de forma emocional ao tentar imputar
crimes ao magistrado.
Norma Cunha e o juiz estão presos na carceragem da Polícia Federal em São Paulo, ao lado de outras sete pessoas acusadas de participar de um suposto grupo de
venda de sentenças judiciais.
Por meio de um exame mental,
que deverá ser solicitado no decorrer do processo, Esteves pretende mostrar que Norma sofre
de uma "psicose evolutiva situacional" -o termo não existe na
classificação internacional de
doenças da OMS (Organização
Mundial da Saúde).
A tradução do termo, desconhecido por três psiquiatras consultados pela Folha, parte do próprio advogado Paulo Esteves:
"Norma tinha uma idéia fixa de
voltar com o ex-marido, e o emocional a impelia a adotar um comportamento para prejudicá-lo".
Depois que se separou, há pelo
menos cinco anos, Norma, segundo Esteves, passou a gravar as
conversas telefônicas que mantinha com Rocha Mattos. No total,
a ex-auditora da Receita Federal
gravou 20 fitas (cerca de 26 horas
de conversa) para supostamente
apresentar como prova. O material foi apreendido pela PF.
Numa dessas conversas, divulgada nesta semana, ela pergunta
ao ex-marido sobre o "dinheiro
de corrupção" que seria dos juízes
federais Casem Mazloum e Adriana Pileggi de Soveral -o primeiro também denunciado por formação de quadrilha. Em outro
momento, Norma cita um suposto recado do ex-prefeito Paulo
Maluf ao desembargador afastado Roberto Haddad sobre um
"acerto" no prazo de julgamento.
Os juízes dizem que não praticaram atos ilegais. Maluf afirma
que nunca falou com Norma.
Para Esteves, as fitas não têm
credibilidade e seria "leviano"
usá-las como prova da quadrilha.
Dependendo da época da gravação, segundo ele, Norma reproduz o que ouviu ou leu na imprensa. "Nota-se isso nas respostas curtas de Rocha Mattos, cujo
tom é sempre enfadado, pronto a
interromper o diálogo."
Entre perguntas e respostas
prontas, Esteves recorreu à figura
jurídica do "motivo determinante" para alegar a inocência de sua
cliente: "Por que Norma gravou
20 fitas? Porque não tinha provas.
E por que não tinha? Porque nunca integrou qualquer quadrilha e,
por isso, não deveria estar presa."
Enquanto listava argumentos
para a soltura de sua cliente, Esteves via o STJ (Superior Tribunal
de Justiça) negar pela segunda vez
um pedido de relaxamento da
prisão preventiva de Cunha.
Em 31 de outubro, o ministro
Edson Vidigal, já havia negado
solicitação semelhante porque
considerou que não havia nenhuma "ilegalidade ou resquício de
abuso de poder" na prisão.
Ontem, o ministro José Arnaldo
da Fonseca, rejeitou um pedido
de reconsideração (revisão) daquela decisão de Vidigal.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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