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LEGISLATIVO
Base aliada planeja votar projeto sem cumprir os prazos mínimos
Governista quer "tratorar" oposição e votar Orçamento
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai para o confronto
com a oposição na votação do Orçamento da União de 2002. A intenção dos governistas é colocar
quórum hoje na Comissão Mista
de Orçamento para concluir a votação e levar o projeto orçamentário amanhã para o plenário do
Congresso, sem cumprir prazos
mínimos.
"Vamos "tratorar" a oposição,
colocar pressão em cima deles. Na
minha opinião, não tem mais negociação, é queda de braço mesmo", afirmou o líder do governo
na comissão, deputado Ricardo
Barros (PPB-PR).
Os governistas estão convocando deputados e senadores para
estarem em Brasília a partir de
hoje. Eles têm de garantir quórum
para a realização de sessões da comissão mista (33 deputados e 12
senadores) e do Congresso (257 e
41, respectivamente).
Esse será o principal desafio do
governo: fazer os parlamentares
irem a Brasília entre Natal e Ano
Novo para votar o Orçamento.
O coordenador da mobilização
no Senado, Romero Jucá (PSDB-RR), afirmou ontem que já havia
garantido a presença de 15 senadores a partir de hoje. Ele prevê
que todas as emendas ao relatório
final sejam votadas na comissão
até a madrugada de amanhã.
O número de emendas
-2.331- não assusta, porque as
propostas aceitas integralmente
ou parcialmente pelo relator serão votadas em grupos. As rejeitadas pelo relator serão votadas individualmente, desde que os seus
autores estejam presentes.
Além das 2.331 emendas, ainda
falta ser votado o anexo de obras
com irregularidades -121 projetos condenados pelo Tribunal de
Contas da União e que terão os recursos bloqueados.
Concluído na comissão, o Orçamento seguirá ao plenário do
Congresso sem o prazo regimental de 48 horas. A sessão do Congresso será convocada originalmente para votar créditos suplementares, alguns com apoio da
oposição, porque destinam verbas a salários, educação e saúde.
"Deixa a oposição dizer que não
tem prazo para votar no plenário.
Vamos dizer que, se o Orçamento
não for votado, a oposição que
pague o preço do atraso do [programa" Bolsa-Escola. Venceremos no discurso", disse Barros.
Mínimo e reajuste
A oposição não demonstra disposição de facilitar o trabalho dos
governistas. Insiste na negociação
de três pontos para permitir que a
votação do Orçamento seja concluída nesta semana: salário mínimo de R$ 210, aumento dos salários dos servidores superior a
3,5% e recálculo da dívida de pequenos e médios agricultores.
"Se tiver acordo, votamos nesta
semana. Se não, fica para janeiro",
afirmou o líder do PT na Câmara,
Walter Pinheiro (BA), referindo-se à convocação do Congresso até
o dia 7. A oposição tem emendas
para aumentar o mínimo e o salário dos servidores entre as que serão votadas na comissão.
Ontem, o relator do Orçamento,
deputado Sampaio Dória (PSDB-SP), estudava uma alternativa heterodoxa: em abril, passaria a vigorar o salário mínimo que o governo propôs inicialmente, de R$
189; em maio, ele seria de R$ 200 e,
em novembro, de R$ 210 como
deseja a oposição.
Segundo Dória, o fato de o mínimo em abril ser de R$ 189 e não
de R$ 200, como está previsto,
compensaria o aumento para R$
210 em novembro. E o pagamento
dos meses de 2003 ficaria para o
Orçamento da União seguinte.
A oposição tem cobrado explicações sobre os critérios para a
aprovação de R$ 1,4 bilhão de
emendas de congressistas no relatório final do Orçamento.
Na apresentação do relatório, o
deputado Sampaio Dória (PSDB-SP) acatou R$ 850 milhões em
emendas de comissões e de bancadas depois de consultar líderes,
ministros e governadores. Na fase
atual, mais R$ 560 milhões de
emendas foram atendidos.
Governistas estão irritados com
o tratamento privilegiado recebido por alguns congressistas, como o senador Romero Jucá
(PSDB-RR) e os deputados Alberto Goldman (PSDB-SP), Paulo
Kobayashi (PSDB-SP) e Santos
Filho (PFL-PR).
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