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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Ex-presidente diz que vontade popular escolherá postulante tucano ao Planalto; Tasso escorrega e afirma que é "claro" que prefeito é candidato
FHC usa "povo" como argumento pró-Serra
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontado como essencial para
a escolha do candidato tucano ao
Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desvelou
ontem sua preferência pelo prefeito de São Paulo, José Serra, ao
endossar a importância da vontade popular - leia-se pesquisa -
para a decisão. Após três horas e
meia de um almoço em que se
reuniu com o presidente do
PSDB, senador Tasso Jereissati
(CE), e o governador de Minas,
Aécio Neves, FHC disse que quem
escolhe candidato é o povo.
Ele também minimizou o desgaste de uma eventual renúncia
de Serra. "O prefeito José Serra será candidato se o povo quiser que
ele seja. Ele é uma pessoa responsável. Esse desgaste só haverá se o
povo não quiser. Se o povo quiser,
não haverá desgaste."
Na chegada ao almoço, ao descrever a "longa conversa" que tivera com Serra na sexta-feira,
Tasso foi enfático ao responder se
o prefeito disse que é candidato.
"Claro que é candidato", reagiu
Tasso, explicando-se: "Não precisa essa explicitação dele".
Disposto a apaziguar os ânimos,
o trio decidiu ainda chamar Serra
e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para uma conversa em que discutiriam juntos os
critérios para a escolha. Divididos
-com FHC simpático a Serra;
Tasso, a Alckmin; e Aécio, em dúvida- os três fixaram o fim de
março como ideal para a decisão.
Para os aliados de Serra, até lá, o
nome do prefeito será consolidado. Foi FHC quem defendeu a data. "Qual será o candidato do
PMDB? Vocês sabem? O presidente Lula vai ser candidato? Ele
mesmo diz que não sabe. Política
não se faz antes da hora."
Embora tenha elogiado o desempenho do governador e até
concordado que a candidatura
Alckmin seja mais natural, porque está terminando o mandato,
FHC disse que não é Serra, mas
"os outros que o estão colocando
[como candidato]". "Você faz a
pesquisa e está lá o nome dele."
FHC disse que não haverá sangue na disputa, reproduzindo a
preocupação expressa no almoço.
A intenção é investir em aparições
públicas de Serra e Alckmin, como num seminário do partido no
próximo dia 17, para mostrar ao
"segundo escalão" dos dois que
não existe conflito. A avaliação é
que, se civilizada, a disputa interna garante visibilidade ao PSDB.
Aécio ficou encarregado de ouvir os governadores e Tasso, de
conversar com a bancada. Além
do encontro com Alckmin e Serra, haverá mais três reuniões com
a de ontem, a primeira para a discussão da candidatura.
"Nossos adversários estão do lado de fora", pregou Aécio.
Para FHC, os três terão papel de
"facilitador". "Não é de escolher
Ninguém escolhe candidato. Candidato quem escolhe é o próprio
país, é próprio o povo."
Presente à inauguração de um
centro de assistência a crianças e
adolescentes na zona norte da cidade, Serra esquivou-se das perguntas sobre uma candidatura.
Questionado se havia decidido
disputar a eleição, ele afirmou:
"nenhum comentário". Antes de
entrar em seu carro, ainda afirmou: "Um dia falaremos [sobre a
eleição]. Quando tiver algo para
dizer chamo vocês para falar."
FHC evitou ataques ao presidente Lula sobre uso da máquina.
Através de sua assessoria, Alckmin disse que "a coordenação do
processo partidário está em boas
mãos". "Vejo com muita alegria a
reunião de homens da dimensão
de Fernando Henrique Cardoso,
Tasso Jereissati e Aécio Neves. O
PSDB vai sair unido e fortalecido
desse processo e vai oferecer ao
país um grande projeto de governo para fazer o Brasil crescer e gerar emprego e renda", afirmou.
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