São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Ex-presidente diz que vontade popular escolherá postulante tucano ao Planalto; Tasso escorrega e afirma que é "claro" que prefeito é candidato

FHC usa "povo" como argumento pró-Serra

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontado como essencial para a escolha do candidato tucano ao Planalto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desvelou ontem sua preferência pelo prefeito de São Paulo, José Serra, ao endossar a importância da vontade popular - leia-se pesquisa - para a decisão. Após três horas e meia de um almoço em que se reuniu com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o governador de Minas, Aécio Neves, FHC disse que quem escolhe candidato é o povo.
Ele também minimizou o desgaste de uma eventual renúncia de Serra. "O prefeito José Serra será candidato se o povo quiser que ele seja. Ele é uma pessoa responsável. Esse desgaste só haverá se o povo não quiser. Se o povo quiser, não haverá desgaste."
Na chegada ao almoço, ao descrever a "longa conversa" que tivera com Serra na sexta-feira, Tasso foi enfático ao responder se o prefeito disse que é candidato. "Claro que é candidato", reagiu Tasso, explicando-se: "Não precisa essa explicitação dele".
Disposto a apaziguar os ânimos, o trio decidiu ainda chamar Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para uma conversa em que discutiriam juntos os critérios para a escolha. Divididos -com FHC simpático a Serra; Tasso, a Alckmin; e Aécio, em dúvida- os três fixaram o fim de março como ideal para a decisão.
Para os aliados de Serra, até lá, o nome do prefeito será consolidado. Foi FHC quem defendeu a data. "Qual será o candidato do PMDB? Vocês sabem? O presidente Lula vai ser candidato? Ele mesmo diz que não sabe. Política não se faz antes da hora."
Embora tenha elogiado o desempenho do governador e até concordado que a candidatura Alckmin seja mais natural, porque está terminando o mandato, FHC disse que não é Serra, mas "os outros que o estão colocando [como candidato]". "Você faz a pesquisa e está lá o nome dele."
FHC disse que não haverá sangue na disputa, reproduzindo a preocupação expressa no almoço. A intenção é investir em aparições públicas de Serra e Alckmin, como num seminário do partido no próximo dia 17, para mostrar ao "segundo escalão" dos dois que não existe conflito. A avaliação é que, se civilizada, a disputa interna garante visibilidade ao PSDB.
Aécio ficou encarregado de ouvir os governadores e Tasso, de conversar com a bancada. Além do encontro com Alckmin e Serra, haverá mais três reuniões com a de ontem, a primeira para a discussão da candidatura.
"Nossos adversários estão do lado de fora", pregou Aécio.
Para FHC, os três terão papel de "facilitador". "Não é de escolher Ninguém escolhe candidato. Candidato quem escolhe é o próprio país, é próprio o povo."
Presente à inauguração de um centro de assistência a crianças e adolescentes na zona norte da cidade, Serra esquivou-se das perguntas sobre uma candidatura.
Questionado se havia decidido disputar a eleição, ele afirmou: "nenhum comentário". Antes de entrar em seu carro, ainda afirmou: "Um dia falaremos [sobre a eleição]. Quando tiver algo para dizer chamo vocês para falar."
FHC evitou ataques ao presidente Lula sobre uso da máquina.
Através de sua assessoria, Alckmin disse que "a coordenação do processo partidário está em boas mãos". "Vejo com muita alegria a reunião de homens da dimensão de Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati e Aécio Neves. O PSDB vai sair unido e fortalecido desse processo e vai oferecer ao país um grande projeto de governo para fazer o Brasil crescer e gerar emprego e renda", afirmou.


Texto Anterior: Queda de norma muda cenário em Minas, mas não altera jogo no Rio
Próximo Texto: Presidente ouve conselhos de Dirceu
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.