São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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Até FMI entrará na "agenda positiva"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Como parte de um "pacote" de medidas da "agenda positiva" para tentar minimizar o desgaste com o caso Waldomiro Diniz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) acelere medidas econômicas que estavam previstas para este ano, a fim de que possam ser vendidas como ações positivas.
Curiosidade: até o FMI (Fundo Monetário Internacional) ajudará a estratégia do governo de tentar fazer a mídia mudar de assunto. No domingo, Lula recebe para um churrasco o diretor-gerente do Fundo, Horst Köhler, que deverá elogiar a política econômica e visitar projeto social na companhia do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
A equipe econômica apressa os detalhes finais para tentar investir cerca de R$ 20 bilhões nas áreas de habitação, saneamento e transportes neste ano, segundo estimativa do governo dada aos representantes do setor de construção civil. Apesar de ser dívida judicial, o pagamento aos aposentados de diferenças na correção de benefícios passados também será vendido como ação positiva.
Outra ação em estudo é que o documento geral sobre marco regulatório (regras que afetam as agências reguladoras e os investimentos nacionais e estrangeiros em infra-estrutura) ganhe ar mais moderno e seja apadrinhado por José Dirceu, numa operação para tentar melhorar a imagem do ministro da Casa Civil no mercado e combater a visão de que ele é contraponto interno a Palocci. Antes da crise, Dirceu exercia esse papel com desenvoltura.
Desde o início da crise, Lula tem se esforçado para mostrar que o governo não parou, tentando evitar a contaminação da economia pela política. Ele tem dito que o semblante do presidente deve aparentar calma, ainda que em meio a uma tormenta. Registro: Palocci tem jogado papel vital na estratégia de retomar a normalidade administrativa.
Anteontem, em reunião com ministros da coordenação política, Lula ratificou a estratégia antecipada pela Folha de intensificar ações "positivas" no Executivo e no Legislativo. Lula prometeu linha-dura no fechamento das casas de bingo e de caça-níqueis.
Apesar de não descartar afastar Dirceu se a evolução da crise exigir, essa hipótese hoje é menor que no final da semana passada. Lula tem tomado cuidado para mostrar que Dirceu continua prestigiado. Anteontem, Dirceu foi chamado às pressas ao gabinete de Lula porque seria ruim ele se atrasar e não chegar a tempo de aparecer na foto da reunião sobre o pagamento de reajustes atrasados a aposentados. Poderia soar como desprestígio. (KA)


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