São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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Empresa se preocupava com "dano à imagem"

DE NOVA YORK

Preocupação com processos e pendências legais que causem "danos à reputação" da GTech dos EUA eram mencionados a acionistas das empresas antes da eclosão do escândalo envolvendo a subsidiária brasileira, o empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu (Casa Civil).
Em comunicado divulgado para investidores no final de janeiro deste ano, a companhia anuncia que está envolvida "em uma série de processos legais" que podem trazer prejuízos financeiros à empresa e comprometer o desempenho financeiro em 2004.
O anúncio foi registrado na SEC (Securities and Exchange Commission) -órgão dos EUA que regulamenta o mercado financeiro. O comunicado não cita quais são as pendências legais da GTech nas suas operações domésticas e mundiais, mas seu relatório anual, também divulgado aos acionistas, revela detalhes, como um imbróglio judicial entre o Serlopar (Serviço de Loteria do Estado do Paraná) e a GTech do Brasil.
Segundo o relatório, em abril de 2002, o Serlopar entrou com um processo contra a GTech e a Dreamport do Brasil (empresa do setor de videoloterias), pois as duas não cumpriram contrato de 1997. A GTech e a Dreamport só instalaram 450 terminais de videoloteria dos mil previstos e cobraram a mais pelo serviço, segundo o governo paranaense. O documento não fala do posicionamento da GTech sobre o caso.
A preocupação com arranhões da imagem no Brasil é justificada pelo peso que as operações no país têm na receita total da GTech. No ano fiscal de 2003, o faturamento total da companhia atingiu US$ 978,8 milhões -10% disso obtidos na subsidiária brasileira.
A Embaixada dos EUA no Brasil disse ontem ser prática comum que as missões diplomáticas do país intercedam em favor de empresas americanas no exterior.
A embaixadora dos EUA, Donna Hrinak, recebeu carta do deputado republicano Patrick Kennedy, em setembro de 2002, pedindo que auxiliasse nas negociações entre a GTech e a Caixa Econômica Federal. A correspondência, segundo reportagem do jornal "O Globo", foi encaminhada ao então ministro da Casa Civil no governo FHC, Pedro Parente, e depois à CEF.
Procurada pela Folha, a GTech não comentou os relatórios. Em nota, confirmou ter recebido proposta de negócio de Cachoeira.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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