São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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Procuradoria analisa contradições da GTech

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal analisa contradições e aspectos confusos ou mal explicados identificados nas declarações formais da empresa GTech, nas quais a multinacional tenta determinar que tipo de relação teria mantido com o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República Waldomiro Diniz.
O conjunto analisado inclui duas notas públicas, uma entrevista do ex-assessor e declarações do porta-voz da empresa nos Estados Unidos, Robert Vincent, publicadas pelo "Wall Street Journal" na última terça-feira.
Em nota divulgada no dia 20 de fevereiro, a GTech informou que, no início de 2003, foi convidada por Waldomiro "para esclarecer à nova equipe de governo sobre a posição da empresa diante de divergências contratuais com a Caixa Econômica Federal".
O encontro, do qual participou, além de dois diretores da GTech e Waldomiro, o empresário do jogo Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aconteceu no dia 6 de janeiro do ano passado, no hotel Blue Tree Tower, em Brasília.
Ao Ministério Público, Cachoeira disse que apresentou Waldomiro à GTech, declaração confirmada pelo ex-assessor em entrevista à revista "Época". No entanto a empresa apresentou duas versões sobre o episódio.
Na nota divulgada no Brasil, afirma que compareceu ao encontro "convidada por Waldomiro", qualificando-o como subchefe da Casa Civil. Mas, ao comentar a autoria do convite, o porta-voz Vincent foi reticente. Em entrevista ao "Wall Street Journal", ele confirma a presença de Cachoeira, "mas não a convite da GTech". A dúvida do Ministério Público: quem teria sido o anfitrião?
Na mesma nota de 20 de fevereiro, a GTech declara que, "nos contatos subseqüentes, a empresa considerou ser de seu melhor interesse encerrar o diálogo". Por meio de sua assessoria, a GTech disse ontem à Folha que houve novos "contatos", mas que encerrou o "diálogo" com Waldomiro.
Diante da revelação de que seu diretor Marcelo Rovai discutiu com Cachoeira possíveis negócios em 2003, conforme reportagem do jornal "O Globo", em uma nova nota pública a GTech informou que teve, sim, parcerias com o empresário, mas que teriam terminado em 2000.
Os procedimentos relacionados à GTech estão levantando as possíveis pontes de Waldomiro na Caixa. Estão no alvo funcionários do banco que atuaram com ele no governo do Distrito Federal na gestão de Cristovam Buarque.


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