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AGENDA NEGATIVA
Governo entra na Justiça Federal contra paralisação e pede aplicação de multa diária de R$ 60 mil a grevistas
Ministro vê abuso e afirma que greve da PF é "deplorável"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, classificou ontem
a greve dos agentes da Polícia Federal como fato deplorável. "Isso
[greve dos agentes da PF] é uma
coisa deplorável. Acho que é um
abuso do direito de greve."
O ministro reforçou que há
equipes sendo treinadas para
atuar em parceria nos aeroportos
para contornar a falta de pessoal.
"Estamos colocando gente para
minimizar o problema. Mas temos canal aberto de negociação
[com os grevistas]." As declarações foram feitas ontem durante
inauguração do novo prédio do
Fórum Trabalhista de São Paulo.
O governo entrou com uma
ação na Justiça Federal em Brasília contra a paralisação para tentar forçar os grevistas a recuar e
anunciou que fará o mesmo em
todos os Estados onde houver
movimento.
Na ação, a AGU (Advocacia Geral da União) argumenta que o
movimento dos policiais causa
imensos prejuízos ao patrimônio
público e à ordem pública e administrativa, porque afeta serviços
essenciais como emissão de passaportes, custódia de presos, controle imigratório em portos, aeroportos e postos de fronteira e proteção de testemunhas e de pessoas
ameaçadas.
O órgão pediu a aplicação de
multa diária de R$ 60 mil caso a
Justiça determine a volta ao trabalho e os grevistas descumpram a
decisão. Os alvos da ação de Brasília são a Federação Nacional dos
Policiais Federais (Fenapef) e o
sindicato desses profissionais no
Distrito Federal.
A AGU citou jurisprudência do
STF (Supremo Tribunal Federal)
pela qual o servidor público não
pode fazer greve porque não está
regulamentado o dispositivo da
Constituição que trata desse direito (artigo 37, inciso VII).
Há grevistas também na própria
AGU. São advogados da União e
procuradores federais, que reivindicam aumento salarial. Não está
descartada a possibilidade de o
órgão propor ações contra eles.
Na semana passada, o advogado-geral da União, Álvaro Augusto Ribeiro Costa, ordenou o controle "estrito e individual" do
comparecimento ao trabalho no
órgão e a apuração de eventuais
perdas de prazo de recursos judiciais e outros tipos de omissão e
dos prejuízos decorrentes delas.
"Greve é um direito e não um
delito", afirmou Francisco Garisto, presidente da Fenapef.
Agentes, papiloscopistas e escrivães dizem que têm direito a vencimentos de nível superior, mas
recebem salários de nível médio.
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