São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CONCLUSÕES

Estratégia de atenuar situação de petistas irrita oposição e pode inviabilizar votação

Disputas na CPI dos Correios ameaçam o relatório final

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia da cúpula da CPI dos Correios de atenuar a situação de caciques do PT no relatório final, classificando-os como pessoas "próximas do indiciamento", ameaça a conclusão dos trabalhos da comissão: a oposição não aceita o texto dessa forma. A radicalização política pode inviabilizar a votação do documento.
Nessa categoria intermediária estariam os ex-ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira e os deputados acusados de envolvimento no "mensalão".
A alegação dos governistas, que estaria sendo aceita pelo presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), é de que, apesar das suspeitas de envolvimento dessas pessoas em irregularidades, não há provas. Dessa forma, não há embasamento técnico-jurídico para pedir esses indiciamentos.
O caminho, então, seria relatar os fatos e pedir que o Ministério Público analise a conduta dessas pessoas, tipificando os supostos crimes cometidos por elas.
"A função da CPI não é a de oferecer provas cabais, até porque os indiciamentos são apenas sugestões. Essa discussão é descabida, o PT quer é desidratar o relatório", afirmou o sub-relator de fundos de pensão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
Serraglio está sendo pressionado pelo Planalto, por petistas que integram a CPI, por acusados de envolvimento no "mensalão" e pela ala governista do PMDB. O deputado quer ser vice do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), na campanha à reeleição no Estado.
Hoje será fechada a versão final do relatório. A apresentação está prevista para amanhã.
Apesar da contrariedade da base aliada, Serraglio pretende manter no texto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido informado do esquema do "mensalão" pelo deputado cassado Roberto Jefferson (PTB).
A citação deve ser feita quando Serraglio explicar como a CPI passou a investigar Marcos Valério de Souza. Serraglio pretende contestar as afirmações do presidente e dos acusados de envolvimento de que nada sabiam.
O relator também deve manter a caracterização de que os saques feitos por deputados nas contas de Valério serviram como compra de apoio parlamentar.


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