São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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Presidente culpa Congresso por não adotar a cobrança progressiva do IR

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao prometer aos metalúrgicos uma resposta à questão da correção da tabela do Imposto de Renda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou o Congresso por não conseguir implementar a progressividade do tributo.
"Nós temos que compreender que as coisas não são tão fáceis, porque, quando a gente manda um projeto de lei para o Senado, pedindo para aumentar a alíquota de quem ganha muito, para pagarem mais do que 27,5%, não tem respaldo", disse.
Para uma platéia de cerca de 4.000 metalúrgicos, Lula disse esperar dar uma "boa notícia" a eles até a próxima sexta-feira, data em que está programada uma manifestação a favor da correção.
"Até quarta-feira [amanhã] eu vou tomar uma decisão sobre o salário mínimo e espero tomar uma decisão sobre a questão da alíquota do Imposto de Renda", disse o presidente em visita a uma fábrica no ABC paulista. Ele não declarou se atenderá ao pleito de correção na tabela nem se dará aumento real ao mínimo.
"Mas, se eu não conseguir [dar a boa notícia], é bom vocês andarem, porque estou vendo muito companheiro com a barriga grande aí. Andar um pouco não faz mal a ninguém."
Lula disse ainda que a frase "salário não é renda" foi dita por ele "a vida inteira". Afirmou ser necessária "uma política justa" do IR, hoje "uma forma injusta de taxar a parte da sociedade que vive de salário". Desde 96, a tabela só teve uma correção, de 17,5% em 2002. Ficou congelada em 2003.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, José Lopez Feijóo, cobrou as mudanças no IR como uma das bandeiras defendidas pelo petista. Questionado sobre o fato de a cobrança pública ao presidente o colocar numa "saia justa", respondeu: "Para deixá-lo em saia justa, é preciso ser mágico".
Minutos antes, Lula dissera: "Esse negócio do IR é uma inquietação que temos há muito tempo na nossa vida no sindicato".
O presidente disse que o problema do aumento no salário mínimo é o impacto na Previdência. Lula pretendia subir para R$ 270 e R$ 275 (hoje está em R$ 240), mas a equipe econômica considera o valor fiscalmente perigoso.
Segundo Lula, o governo terá de pagar ainda neste ano R$ 12,4 bilhões referentes à correção de pensões e aposentadorias não realizada durante a implantação da URV (Unidade Real de Valor), na administração de Itamar Franco. "A gente agora vai ter de se virar para encontrar um jeito de pagar, porque é decisão judicial."


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