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CAMPO MINADO
Tato, que confessou ter sido pago por fazendeiros para contratar assassinos de freira, terá de cumprir 18 anos de prisão
"Intermediário" no caso Dorothy é condenado
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O Tribunal do Júri do Pará condenou ontem Amair Feijoli da
Cunha, o Tato, a 18 anos de prisão, em regime fechado, pelo assassinato da missionária norte-americana naturalizada brasileira
Dorothy Stang, 73.
A pena inicial, por homicídio
duplamente qualificado, foi de 27
anos. Mas os sete jurados decidiram que Tato, apontado como o
intermediário do assassinato da
freira, teve como atenuante o fato
de ter colaborado na apuração do
crime. Por isso a pena foi reduzida
em um terço.
No julgamento, Tato confessou
ter sido contratado por R$ 50 mil
pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo
Pereira Galvão, o Taradão, para
intermediar o assassinato.
Tato respondia por homicídio
duplamente qualificado, com
promessa de recompensa e motivo torpe, sem possibilidade de defesa da vítima. A acusação pedia a
pena máxima de 30 anos de reclusão pela participação no crime.
Na fase de interrogatório, ele
confirmou sua intermediação no
crime. Antes, havia dispensado
sua única testemunha de defesa, a
mulher, Elizabeth Cunha.
Tato chorou ao revelar que intermediou a morte da freira com
os pistoleiros Rayfran das Neves
Sales (Fogoió) e Clodoaldo Carlos
Batista (Eduardo), condenados,
em dezembro, a 27 e 17 anos de
prisão, respectivamente.
Dorothy Stang foi abordada no
dia 12 de fevereiro de 2005 por Fogoió e Eduardo, quando se dirigia
a uma reunião com trabalhadores
rurais do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, na zona rural de Anapu (PA).
Foi assassinada com seis tiros.
Ainda nos interrogatórios, Tato
afirmou que a munição e o revólver calibre 38, usados pelos pistoleiros no crime, foram providenciados por Bida. Disse que foi em
um encontro numa empresa de
Taradão, em Altamira, que a morte da freira foi acertada.
"Ele [Regivaldo Galvão, o Taradão] disse: "Enquanto não se der
um fim nessa mulher [Dorothy
Stang], não teremos paz nessa terra", afirmou Tato ao juiz Cláudio
Montalvão das Neves.
"Já era esperado isso [a acusação contra os fazendeiros] porque
ele [Tato] quis extorquir dinheiro
de outra pessoas que não têm nada a ver com isso [o crime] e não
conseguiu", afirmou o advogado
dos fazendeiros, Américo Leal,
antes de a sentença ser proferida.
A advogada de Tato, Dalza
Afonso Barbosa, também antes
da decisão, disse que ele foi pressionado e coagido pelos fazendeiros a cometer o crime.
O julgamento foi acompanhado
em Belém, por trabalhadores rurais de Anapu, organizações de
direitos humanos e ambientais e
familiares da missionária, que
vieram dos Estados Unidos.
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