|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bicheiros prestam depoimento no Rio e negam a compra de sentenças judiciais
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Em depoimentos prestados
ontem à Justiça Federal do Rio,
os bicheiros Aílton Guimarães
Jorge, o Capitão Guimarães,
Aniz Abrahão David, o Anísio, e
Antônio Petrus Kalil, o Turcão,
negaram participação em um
esquema de compra de sentenças judiciais por uma organização criminosa vinculada a caça-níqueis e a casas de bingo.
Presos há duas semanas durante a Operação Hurricane, da
PF (Polícia Federal), os bicheiros foram transferidos de Brasília para o Rio com mais 14 dos
25 réus do processo que tramita no STF (Supremo Tribunal
Federal) e na 6ª Vara Criminal
Federal da capital fluminense.
O primeiro a depor foi Capitão Guimarães, 65. Falou à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho por uma hora. Negou todas
as acusações que lhe foram feitas. Disse que não tem mais ligações com o jogo do bicho, onde teria atuado de 1982 a 1993.
Guimarães disse atuar como
agente financeiro autônomo
que aplica na Bolsa de Valores,
onde ganha cerca de R$ 400 mil
mensais. Ele se disse "massacrado" e que acredita ter sido
incluído na investigação só por
ser "o Capitão Guimarães".
"Ele repudiou a denúncia como
um todo, refutou-a por completo", disse Nélio Machado.
A seguir, Anísio, 69, também
falou por uma hora. Ele admitiu à juíza ter trabalhado no jogo do bicho até 1993, quando foi
condenado pela Justiça do Estado do Rio a seis anos de prisão
por formação de quadrilha.
Após cumprir três anos da
pena, Anísio disse ter abandonado a contravenção, mas que
no período em que atuou no bicho ganhou muito dinheiro. Segundo ele, após sair da cadeia
passou a viver do aluguel de
imóveis e do dinheiro obtido
com a venda de apartamentos e
de jóias. Disse que ganha, em
média, R$ 100 mil por mês.
A respeito da apreensão de
US$ 46 mil em seu apartamento, disse que o dinheiro foi obtido com a venda de imóveis e tinha sido declarado ao Imposto
de Renda no exercício de 2005.
No saguão de espera, antes de
depor, Turcão, 82, disse estar
passando mal. Uma equipe médica não constatou alterações
na pressão sangüínea e na taxa
de glicose. O interrogatório foi
autorizado. Turcão disse várias
vezes que não se lembrava de
detalhes porque faz tratamento
para a memória. Ele falou que
abandonou o jogo do bicho em
Niterói há quatro meses, "por
causa da idade e da doença".
A defesa pediu à juíza que
Turcão passe para o regime de
prisão domiciliar, pois sofreria
de doenças neurológica e cardíaca. Ela convocou uma junta
médica. Apenas após a avaliação pela junta Ana Paula de
Carvalho dará uma decisão.
Os advogados de Capitão
Guimarães e de Anísio impetraram habeas corpus pedindo
a libertação de seus clientes.
Caso a prisão seja mantida, eles
pedem que os presos não sejam
transferidos para o presídio de
segurança máxima em Campo
Grande (MS) após o fim dos depoimentos, conforme a determinação da juíza federal.
Texto Anterior: Irmão de ministro do STJ é chamado a Brasília pelo STF Próximo Texto: Juíza reverte decisão dois dias antes de operação da PF Índice
|