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REFORMAS
Governo decide derrubar vínculo do salário dos servidores ao do governador
Planalto atende Judiciário e muda subteto nos Estados
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O governo cedeu à pressão do
Judiciário e vai abrir mão do ponto da reforma da Previdência que
estabelece subtetos salariais para
o funcionalismo dos Estados e
municípios limitados aos vencimentos dos governadores ou prefeitos. Pelo entendimento predominante ontem, o trecho que trata
do tema será declarado inconstitucional na apresentação, hoje, do
parecer da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) da Câmara
dos Deputados sobre a reforma.
Apesar de o relator do parecer,
deputado Maurício Rands (PT-PE), não ter adiantado os pontos
do seu texto -que vai à votação
na semana que vem-, a Folha
apurou que governo e relator já tinham acordado que a proposta de
subteto apresentada, atacada por
integrantes do Judiciário e por
um grande número dos 57 componentes da CCJ, será derrubada
por meio de uma emenda saneadora apresentada por Rands. Foi
a primeira concessão importante
do governo desde que as reformas
chegaram ao Congresso.
O argumento será o de que a fixação de subteto salarial do funcionalismo nos Estados vinculado
ao salário pago aos mandatários
do Executivo fere o princípio
constitucional da separação entre
os Poderes. Mesmo argumento é
defendido pelo presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello.
"E se o governador resolve, numa opção simplesmente política,
fazer voto de pobreza? O que
preocupa é esse atrelamento",
afirmou, na ocasião, o ministro.
Caso a proposta de subteto da
reforma passasse, juízes e desembargadores estaduais que ganham mais do que os governadores sairiam prejudicados.
O problema é que, ao agradar o
Judiciário, o governo corre o risco
de se indispor com os governadores, principais avalistas das propostas de reforma do governo enviadas no dia 30 ao Congresso. O
subteto, como proposto, tenderia
a diminuir o gasto dos Estados
com os altos salários.
A proposta alternativa à que será declarada inconstitucional ainda era discutida ontem. Uma das
opções era definir como subteto
um percentual (discutia-se 75%)
do atual salário dos ministros do
STF, que é de R$ 17.170.
A cobrança de contribuição dos
servidores inativos deve ser considerada constitucional. Uma outra
questão polêmica é a inclusão dos
militares no teto de R$ 2.400 proposto pelo governo para a aposentadoria tanto do setor privado
quanto do funcionalismo. O governo deve promover a retirada
dos militares desse teto, mas isso
só deve ocorrer durante análise da
proposta na comissão especial da
Câmara, próximo passo da proposta após sua aprovação na CCJ.
Reforma tributária
Na quinta-feira, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) apresentou o parecer da reforma tributária, que começa a ser votado
hoje na CCJ. A previsão do presidente da comissão, Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP), é a de que o
texto seja aprovado até a quinta.
As votações que se iniciam hoje
são consideradas ponto de honra
pelo governo, que já promoveu a
substituição de integrantes da base aliada que manifestaram intenção de votar contra as propostas.
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