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RECEITA ORTODOXA
Expressão foi usada por José Dirceu; ministro da Fazenda diz que governo está fazendo "ajuste severo"
Palocci afirma que houve ajuste, não "cavalo-de-pau"
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, disse ontem no Rio
que o governo está fazendo "um
ajuste severo" na economia, mas
que não chega a ser um "cavalo-de-pau".
Na última sexta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou durante seminário em São Paulo que as altas taxas de
juros e de superávit primário e o
corte de R$ 14 bilhões no Orçamento são medidas que "não realizam neste momento os nossos objetivos", mas que deram "um
cavalo-de-pau" na economia. "Se
nós não demos um cavalo-de-pau
no país, demos um cavalo-de-pau
na economia", disse.
Ontem, após relatar rapidamente os esforços que estão sendo feitos para conter os gastos públicos, Palocci foi menos enfático
na contestação. "De fato, é um
ajuste severo. Não sei se um cavalo-de-pau, mas um ajuste severo."
Palocci disse que não houve
exagero nas declarações de Dirceu. "Não acredito que o ministro
José Dirceu tenha exagerado.
Aliás, em todos os pronunciamentos, desde o início do ano, o
ministro tem sido um apoiador
decisivo da política econômica."
O assessor especial da Presidência Frei Betto disse ontem, para
justificar a política econômica do
governo Lula, que o PT não pode
"chutar o pau da barraca" e que
está submetido a regras que ele
não criou, estabelecidas pela "democracia burguesa".
As afirmações foram feitas durante fórum na capital paulista
promovido pela Prefeitura de São
Paulo e pela Universidade Federal
de Minas Gerais. O tema era o Orçamento Participativo.
Frei Betto afirmou ainda que o
PT não chegou ao "poder, mas ao
governo". "O poder é algo muito
mais forte", disse ele, que, como
exemplo, citou o FMI.
Ao lado do secretário-geral da
Presidência, Luiz Dulci, Frei Betto
defendeu Palocci. "Para conduzir
esse transatlântico que é o Brasil é
preciso paciência." Ao falar do
país, Palocci tem usado a imagem
do transatlântico, cuja rota não
pode ser mudada bruscamente.
"O Palocci criou uma frase que
eu tenho repetido: o Brasil é um
navio, e em um navio a gente não
dá cavalo-de-pau, cavalo-de-pau
a gente dá em um fusquinha", disse o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março.
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