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CONTAS PÚBLICAS
Número de Estados que descumprem a LRF aumentou em razão da disparada do IGP no ano passado
Dívidas de 8 Estados superam limite legal
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O total de Estados que estão acima do limite de endividamento
determinado pela LRF (Lei de
Responsabilidade Fiscal) subiu de
cinco para oito de 2001 para 2002.
O principal motivo, segundo técnicos do Tesouro Nacional, foi a
disparada do IGP (Índice Geral de
Preços) no ano passado.
Apesar de a lei estipular que os
dados de 2002 fossem divulgados
no final de janeiro deste ano, muitos Estados atrasaram a publicação ou o envio das informações
para o Tesouro. Só agora o técnico do Tesouro Edson Nascimento
conseguiu fechar os números dos
26 Estados e do Distrito Federal.
Durante todo este ano, os governadores que estão acima do limite terão que reduzir os débitos,
pois, segundo a legislação, poderão perder seus cargos e estarão
sujeitos a penas de prisão de até
três anos. As penalidades só são
aplicadas se os TCEs (Tribunais
de Contas dos Estados) fizerem
auditorias e encaminharem o pedido de providências às respectivas Assembléias Legislativas.
Estão acima do limite São Paulo,
Alagoas, Goiás, Maranhão, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio
de Janeiro e Rio Grande do Sul. As
dívidas dos Estados com o Tesouro são corrigidas pelo IGP mais
6% ao ano. O índice subiu muito
por causa da alta do dólar em
2002. O limite de endividamento,
definido pelo Senado em dezembro de 2001, é de duas vezes a receita líquida anual do Estado.
No Mato Grosso do Sul, a dívida
equivale a 3,09 vezes a receita. Segundo o auditor-geral de Mato
Grosso do Sul, Redel Furtados
Neres, a relação da dívida do Estado com a receita corrente líquida
chegou a 3,09 devido à inflação e à
variação cambial, ambos incorporados ao estoque da dívida no
último quadrimestre do ano: "As
mesmas correções não ocorreram
com a receita do Estado".
Mas praticamente todos os Estados foram prejudicados pela alta do IGP. O endividamento médio passou de 1,72 vez a receita em
2001 para 1,95 em 2002. A resolução do Senado, editada por causa
da LRF, diz que os Estados têm até
2017 para reduzir o endividamento, mas isso tem de ser feito progressivamente a partir deste ano.
No caso de São Paulo, o secretário de Fazenda do Estado, Eduardo Guardia, já disse que o enquadramento significará adicionar
pouco mais de R$ 1 bilhão por ano
à economia atual de receitas.
Como esse é um esforço muito
forte para o Estado, Guardia e outros secretários estaduais querem
que o governo modifique o limite
de endividamento. A LRF dá essa
abertura para acomodar situações como a do choque cambial
ocorrido no ano passado.
Em relação ao limite de despesas com pessoal, só Minas Gerais
está acima do teto de 49% da receita para o Executivo: gasta 62%
da receita com pessoal. No caso
dessas despesas, o prazo final para
o enquadramento nos limites era
2002. Muitos Estados têm excluído do cálculo as despesas com
inativos e com o pagamento do
Imposto de Renda dos servidores,
mas a legislação só admite tais exclusões em situações específicas.
Colaborou a Agência Folha
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