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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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CASO SILVEIRINHA

Fiscais e auditores teriam métodos de ação diferentes, mas haveria coordenação entre os dois grupos

32 são denunciados por suspeitas de corrupção no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério Público Federal denunciou ontem 32 pessoas suspeitas de envolvimento com o "propinoduto", suposto esquema de corrupção na Fazenda estadual do Rio. Doze fiscais estaduais e auditores federais são suspeitos de enviar ilegalmente pelo menos US$ 33,4 milhões para contas no banco suíço DBTC (Discount Bank and Trust Company, hoje Union Bancaire Privée).
Os fiscais e auditores -entre eles Rodrigo Silveirinha Corrêa, ex-subsecretário de Administração Tributária no governo de Anthony Garotinho (PSB)- foram denunciados por crimes como concussão, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e crimes contra o sistema financeiro e a ordem tributária. Oito fiscais e auditores estão presos desde 15 de abril.
Também foram denunciados por formação de quadrilha, falsidade ideológica, crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro os empresários Herry Rosemberg e Ronaldo Adler, sócios da Coplac, sucursal do DBTC no Rio, por onde teriam sido abertas as contas. Foi denunciada pelos mesmos crimes uma funcionária da Coplac.
Os empresários de futebol Reinaldo Pitta e Alexandre Martins foram denunciados por sonegação fiscal, fraude na contabilidade, lavagem de dinheiro e auxílio em manutenção de conta no exterior. Segundo o Ministério Público, eles teriam enviado à Suíça parte do dinheiro dos fiscais e auditores. Cinco funcionários deles também foram denunciados.
O procurador Gino Liccione disse que há vários indícios de que o dinheiro passava por Pitta e Martins antes de chegar às contas dos fiscais, como ordem de pagamento e transferências bancárias entre contas no exterior.
O procurador afirmou que os fiscais tinham uma técnica de ação conjunta. O fiscal Rômulo Gonçalves fazia o contato com a empresa e intensificava a fiscalização. A empresa era multada e a redução da multa era negociada mediante pagamento de propina.
Silveirinha, Carlos Eduardo Pereira Ramos e Lúcio Picanço seriam os idealizadores do esquema. Depois que a empresa pagava a propina, Silveirinha conseguia cancelar parte das multas.
Segundo a denúncia, o fiscal Júlio César Nogueira, irmão do auditor Amauri Franklin Nogueira Filho, atuava como apoio e ligação com o grupo de auditores. Os auditores, embora usassem o mesmo método de envio de dinheiro ao exterior, faziam suas fiscalizações de forma mais ""autônoma", conforme a denúncia.
O lobista Romeu Sufan, que disse ter cobrado propina de US$ 2 milhões em nome de fiscais, foi denunciado por extorsão.


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