São Paulo, Quinta-feira, 27 de Maio de 1999
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Pimenta da Veiga diz que "CPI é show"

FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, disse ontem, em Belo Horizonte, que o diálogo entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende, por ocasião do leilão da Telebrás -julho de 98- não sustenta a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que, segundo ele, é ""show" e impede o crescimento do país.
""O país não pode ficar submetido a epidemias das CPIs. É para quem quer fazer show. O Brasil não vai se dedicar agora a ser um grande tribunal de inquisição", disse, em entrevista, após participar da inauguração de uma agência dos Correios.
O ministro evitou falar sobre as gravações publicadas pela Folha anteontem, nas quais FHC autoriza o uso de seu nome para favorecer o Opportunity no leilão.
Pimenta da Veiga insistiu em dizer que a interpretação da conversa é outra, que as denúncias contra FHC não têm substância, mas se negou a analisar as intervenções do presidente na conversa.
""Eu não tenho que explicar a minha opinião. Se você quer examinar o texto, é um direito que você tem. É um direito meu não interpretar", disse à Agência Folha.
Segundo ele, a revelação das fitas é uma ação orquestrada ""que virá em capítulos" para que o país não cresça. ""Querem fazer disso uma novela, mas não tem fundamento. Certamente virão outros atos futuros. O presidente é um homem correto. No mais é um pouco de vaidade de alguns e irresponsabilidade de outros. Não passa disso."
Para o ministro, o que havia no diálogo era a intenção do presidente de melhorar a competitividade do leilão. ""Não há nenhuma ilegalidade nisso. Foi um ato normal de administração. O presidente, que é um homem cuja história não indica nenhum desvio, não deve ser tratado desse modo", disse.

Crescimento
Em palestra para prefeitos mineiros, o ministro fez um discurso otimista, insistindo que a estabilidade econômica está cada vez mais forte e que o país está ""galgando" o patamar do crescimento.
""Não há de ser a visão míope de alguns, a ação perniciosa de outros, a decisão de alguns de importunar o Brasil em quebrar essa rota de modernização que nos impedirá de passar para esse outro tempo, um tempo de mais desenvolvimento social", disse aos prefeitos.
Segundo o ministro, a divulgação não vai alterar o apoio dos partidos que compõem a base aliada do governo. ""Não há problema. Todos os partidos aliados saíram em pronta defesa do presidente."


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